sábado, 22 de janeiro de 2011

Terrorismo Digital, Firewall Furado

Um asiático com ódio mortal dos Estados Unidos jura vingar-se dos americanos. Soa familiar? Pois é, mas pode não ser o que você está pensando. Apesar de ter o mesmo ponto de partida de quase todas as histórias de espiões ou de terroristas, o primeiro livro do hoje mundialmente famoso Dan Brown traz suas peculiaridades. Se considerarmos que Fortaleza Digital foi publicado originalmente em 1998, vemos ainda uma temática inovadora que pode passar despercebida por baixo da linguagem ainda mal desenvolvida do autor.



O asiático em questão era Ensei Tankado, ex-funcionário da área de criptografia da NSA (Agência Nacional de Segurança). Mestre da computação, ele ameaça destruir o computador mais poderoso do mundo, que passa 24 horas por dia trabalhando a todo vapor para quebrar as "trancas" de arquivos secretos criptografados. Como ele faria isso? Através de um algoritmo inquebrável, é claro. Naturalmente, o computador batizado de TRANSLTR tem um mecanismo de defesa: uma espécie de antivírus que impede que arquivos potencialmente perigosos sejam inseridos no sistema. Mas como a história tem que começar em algum lugar, o pontapé inicial da trama se dá quando o vice-diretor da NSA "aceita o desafio" e usa suas credenciais para contornar o antivírus e inserir o tal código na super máquina.

É aí que nossos protagonistas entram na história. Susan Fletcher é a melhor criptóloga da NSA e é chamada emergencialmente para tentar encontrar a solução do algoritmo antes que o TRANSLTR entre em parafuso. Ao mesmo tempo, seu noivo, David Becker, é enviado secretamente à Espanha, onde Tankado morrera misteriosamente, para investigar as causas do falecimento e recuperar seus pertences. Ao descobrir que um certo anel havia sido roubado do defunto, sai em busca dele sendo perseguido por um matador de aluguel contratado para apagar todos que puseram as mãos, ou o dedo, na jóia.


Acha que já viu algo parecido por aí? Realmente, supostas conspirações virtuais já são assunto do passado, mas há mais de uma década atrás não eram muitos que usavam o tema como inspiração para romances policiais ou de espionagem. Infelizmente, essa é a única grande qualidade do livro. No entanto, as características que fariam de Dan Brown o autor mais vendido do mundo apenas cinco anos depois já estavam presentes em Fortaleza Digital. A trama nos captura logo nas primeiras páginas e, apesar de ansiarmos pelo final a cada capítulo, seu estilo ainda não estava suficientemente bem desenvolvido para nos prender a cada palavra e tornar o ato de fechar o livro, antes de saber o final, uma tortura. Se você não é fã do autor ou ao menos do gênero, não vai ser nada demais. Mas se você se interessa ao menos um pouquinho pelas intrigas internacionais, certamente terá um pouco mais de 300 páginas de puro divertimento.



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