
E quem falou sobre deuses no céu e esqueceu os da Terra? Quando uma lenda cria outra, temos algo além do conceito de dinastia. Fábulas cinematográficas vão mais a frente do “bom resultado” de trabalho duro e esquemático processo criativo. Elas atingem a nossa memória imagética e logo somos marcados por tais histórias. Afinal, uma corrida neste táxi vale uma longa distância até mesmo com bandeira dois.
Travis Bickle (Robert DeNiro) é um veterano da Guerra do Vietnã e mora na cidade de Nova Iorque. Para combater sua insônia ele trabalha como motorista de táxi durante as noites na cidade que nunca dorme. Boa parte de seu tempo ele passa dentro de sua cabeça e possui opiniões bem definidas sobre tudo. Até se convencer da ideia de um papel na sociedade, daquele capaz de transformar esse mundo em um lugar melhor, sua obsessão cega inicia e ele começa a agir para tentar limpar os maus elementos de uma Nova Iorque decadente.
Não conhecer esse taxista é quase inaceitável. Mais ainda não conhecer seu criador. Taxi Driver (“Taxi Driver”, 1976, Estados Unidos da América) é talvez um dos trabalhos mais icônicos de Martin Scorsese como diretor, daqueles dignos de estampa de camisa hipster. Tanto já se foi falado desse filme que se torna difícil qualquer tipo de “novos” comentários. Mas filmes-vinho como esse vão ficando mais velhos e fazendo ainda mais sentido, seja hoje ou há quase quarenta anos atrás. A capacidade de prender nossa atenção nessa corrida punk permanece, e esse vencedor de quatro Oscars conquista geração após geração. Uma mitologia que nunca morre.