Recentemente resolvi reviver um antigo hábito: ir a locadoras. Perguntei sobre o filme O Império dos Sentidos (Ai no Corrida, Japão / França 1976) indicado por um amigo, e a funcionária achou o DVD na sessão pornográfica. Não, o longa metragem não é pornô, mas sim um clássico drama-cult-erótico com cenas de sexo explícito retratando uma história real. Aliás, para burlar a censura japonesa, o diretor Nagisa Oshima fez uma parceria com os franceses para a edição e distribuição. Até hoje é proibido em seu país de origem.
Num bairro burguês de Tóquio, Abe Sada (Eico Matsuda), antiga geisha tornada empregada num restaurante, gosta de espiar as brincadeiras amorosas dos seus patrões e de, de vez em quando, satisfazer velhos pervertidos. Fortemente excitado por ela, Kichizo (Tatsuya Fuji), o seu patrão, arrasta-a para uma espiral erótica que os afasta progressivamente do mundo exterior. O desejo dos dois se transforma numa obsessão sexual tão forte, que, para intensificar seu ardor, os dois abrem mão de tudo, inclusive da vida.
O longa metragem é direto ao ponto, sem um pingo de enrolação. Praticamente todas as cenas são de sexo, até mesmo porquê os dois protagonistas não conseguem se encontrar sem haver pelo menos a prática de um sexo oral. Ao longo do filme eles transformam suas relações em algo mais “hardcore”, com direito a outros personagens reclamando do cheiro do quarto e intermináveis sessões de sadomasoquismo. Uma cena bizarra e absurda é quando Abe obriga seu amante a comer um ovo que ela tira da vagina.
É absurdo, chegando a ser engraçado, o fato dos protagonistas eventualmente ficarem sem pudores, tendo relações sexuais na frente de outras pessoas sem nenhum constrangimento. Mais engraçado ainda é quando alguns desses personagens aleatórios resolvem aderir aos dois, fazendo sexo grupal. O final também merece destaque, com cenas que deixam o espectador, em especial os homens, nervosos, de olhos fechados, tremendo. Creia, é pior que muito filme de terror.
O Império dos Sentidos é considerado por muitos o melhor filme erótico de todos os tempos. Um fato curioso é que os atores dispensaram o uso de dublês para as cenas eróticas. Resta saber se o orgasmos dos atores é verdadeiro…
