Ontem foi dia das mães, e para entrar neste clima trago o filme Kabei Our Mother (Japão 2008), do veterano diretor Yoji Yamada. Fugindo dos clichês com inteligência, além de tratar assuntos políticos, este longa é indicado para aqueles que querem se emocionar com a história de uma mãe que faz tudo para proteger seus filhos.
Tóquio, 1940. Kayo Nogami vive feliz com o marido Shigeru e as duas filhas. Num sábado de manhã, Shigeru é preso sob a acusação de ser comunista. Com todo seu amor e determinação, Kayo começa a trabalhar sem trégua para sustentar a casa e cuidar das meninas. Ela recebe o apoio da cunhada Hisako e de Yamazaki, ex-aluno de seu marido, agora dono de uma pequena editora. O jovem acaba desenvolvendo fortes laços com a família. Mas eles permanecem sem notícias de Shigeru, e o Japão entra na Segunda Guerra Mundial.
O objetivo é mostrar o lado sentimental de uma família que vive em tempos de guerra, não sendo um daqueles filmes que aproveita o tema para mostrar explosões na cidade, mortes, etc. Por um lado isso é bom, pois Yamada prefere explorar de modo elegante e profundo o drama dos personagens, mas desperdiça a oportunidade de entreter o público com cenas de ação que poderiam até complementar a trama.
Ao contrário do Túmulo dos Vagalumes, que colocava apenas a guerra como o grande vilão da história, neste há uma tendência em vitimizar os japoneses. Talvez por Yamada ter vivenciado o holocausto durante a juventude, e hoje não ter medo de evidenciar seu olhar sobre o assunto, mas ao mesmo tempo não criticando os americanos.
O grande destaque vai para a atuação de Sayuri Yoshinaga no papel de Kayo, transmitindo com intensidade os sentimentos de desespero e tristeza, mas ao mesmo tempo reprimindo-os para tentar proteger a própria família. Muitas vezes o espectador se emocionará com tamanha devoção, afinal, até que ponto a pessoa anula o que sente para passar segurança aos que ama?
Kabei Our Mother é um clássico, daqueles de emocionar os corações mais gelados, além de mostrar um pouco da história do Japão pela perspectiva de uma família que vivia nesta época. Em alguns momentos ele é um pouco parado graças ao uso de planos longos, como é costume no cinema japonês, mas não chega a arranhar o brilho da produção. A obra prima de Yamada e um filme para a vida inteira.
