quarta-feira, 9 de maio de 2012

"No dia em que eu saí de casa"...

A formação, tanto acadêmica quanto pessoal, é o principal tema do documentário Romance de Formação (Brasil, 2012), dirigido por Julia de Simone. A história de quatro brasileiros que saíram de casa para estudar ganha contornos poéticos nas mãos da diretora, que escolheu planos mais subjetivos, buscando captar não apenas as dificuldades desses estudantes, mas seus sentimentos, profundos e complexos; exatamente como estudar fora de casa.


Os brasileiros Wilian Cortopasi (que saiu de Minhas Gerais para cursar Engenharia na PUC-Rio), Caetano Altalfin (estudante da Harvard Law School), Fabio Martino (pianista que estuda Alemanha) e Victoria Saramago (que faz Literatura em Stanford) largaram a família e os amigos para ir atrás de seus sonhos. A ideia da diretora é mostrar exatamente a formação pessoal de cada um e, para isso, usa muitas cenas filmadas pelos próprios estudantes, com uma webcam. A escolha cria intimidade com os personagens, o que, obviamente, engrandece a obra.


No entanto, o filme peca no roteiro e na "história". Em determinados momentos não acontece absolutamente nada! Por exemplo: ela mostra o pianista Fabio Martino treinando em casa, treinando em casa de noite, treinando com a professora, treinando com outro professor... Além da monotonia, nenhuma dessas cenas acrescente realmente algo à história.


Seria muito mais interessante aliar os momentos privados dos estudantes às suas histórias de vida. Isso só foi aproveitado com Wilian Cortopasi. O sonho dele era estudar engenharia para criar remédios que pudessem curar o pai com câncer. Porém, até isso fica meio aéreo e perdido no meio do contexto. Até porque existe um salto de Wilian no Instituto Militar de Engenharia para ele mesmo na PUC. E o espectador, com poucas explicações, fica com aquela cara de "hãn?" achando que dormiu e perdeu um pedaço do filme.


Por isso, Romance de Formação tem muitos méritos. É um documentário diferente e ousado, buscando outras formas mais inovadoras de contar uma história; bem como aqueles estudantes que saem de casa justamente para recontar as suas próprias histórias. Porém, com pouco conteúdo, no fim das contas o filme deixa a sensação de que ficou faltando alguma coisa.

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