quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cama, Mesa, Banho e Tudo Que Você Quiser

Em entrevista ao programa de Marília Gabriela no SBT, Raquel Pacheco, conhecida como Bruna Surfistinha, disse ter “unido o útil ao agradável”, quando instigada a falar sobre sua profissão. Ou seja, sexo e dinheiro, formaram um conjunto no qual ela mergulhou sua vida durante o período em que foi garota de programa. Ao sair de casa, deixando para trás os pais adotivos e uma adolescência que, na narrativa cinematográfica, transparece uma conturbada relação de falta, encontrou na informalidade de seu trabalho o que realmente precisava. Assim, da casa para a vida na rua, de Raquel para Bruna, muita coisa mudou.

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Vivida por Deborah Secco, a personagem do diretor Marcus Baldini e modelada pelas mãos dos roteiristas José Carvalho, Homero Olivetto e Antônia Pellegrino, é uma menina de 17 anos, desajeitada, isolada, que decide largar tudo para buscar algo maior. Na prostituição, cercada por ambientes, homens, sexo e dinheiro, ela deixa o passado de Raquel para trás e assume Bruna, com autoconfiança e maturidade suficientes para ter noção da vida que escolheu, o proveito que poderia tirar e suas consequências. Depois de trabalhar em uma casa de meninas e ganhar 40 reais por hora, o mundo do sexo de luxo abre as portas para mais dinheiro e um submundo de drogas envolvente e tão sedutor quanto ela.

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A oscilação de sua vida, sua curva que chegou ao sucesso e esbarrou nos problemas com cocaína, por exemplo, mostram a cada cena a procura da personagem por ela mesma, sua identidade e o suprimento emocional que sempre lhe faltou. Apesar da mudança radical de comportamento e visual, a personagem criada, apesar de baseada na história de vida de uma prostituta que gostava do que fazia, possui um enfoque sutil mais pessoal e envolvente. O humor bem trabalhado da trama brinca com sarcasmo e instiga o moralismo da sociedade.

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Completo do início ao fim, o conjunto direção, roteiro e fotografia dão um espetáculo de técnica. Por mais que a polêmica continue e sempre esteja presente quanto ao assunto "prostituição", o tom cômico e pessoal da produção conseguiram quebrar um pouco o gelo entre a informalidade, a arte e o cinema.

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