sábado, 26 de fevereiro de 2011

Subvertendo Sonhos Fracassados

Lolita Pille tinha 22 anos quando publicou seu segundo best-seller, dois anos depois de ter ficado mundialmente famosa com o primeiro. Apesar de terem estilos e propostas consideravelmente diferentes, Buble Gum mantém a acidez crítica que havia levado sua autora ao sucesso. No entanto, ao invés de mostrar a juventude parisiense se destruindo, dessa vez ela escolheu um alvo específico e um caminho muito interessante para arruinar sua vida, e escreveu uma história com a qual todos nós acabamos nos identificando um pouco, não necessariamente por ser parte de nossas vidas, mas por percebermos que poderia ser completamente verídica.


A ferrada da vez protagonista do livro é a jovem Manon. Tendo nascido e sido criada em uma pequena vila, sua vida não lhe ofereceu muitas possibilidades, a não ser trabalhar como garçonete no boteco do pai. Porém sonhando com uma vida melhor (e com a fama, para ser mais específico), aos 21 anos ela decide abandonar seu mundinho limitado e partir para Paris, em busca do estrelato. Para se sustentar, vai trabalhar como garçonete enquanto faz testes para produções televisivas e cinematográficas, e é nesse meio que ela conhece o escroto sedutor Derek.

Aos 29 anos e tendo passado por vários traumas, o rapaz vive sob o constante efeito de álcool e drogas. Frustrado com sua vida alienada, um belo dia decide destruir a vida de alguém, para se divertir um pouco. é claro que Manon vai parar em suas mãos nesse exato momento e, iludida pelas promessas falsas de Derek, acaba se tornando parte do plano dele de arruinar um antigo colega. Durante as filmagens do suposto filme, a garota do interior acaba se envolvendo cada vez mais nos jogos dele, caindo em suas brincadeiras sexuais e, inevitavelmente, também se afundando na alienação drogada dele.


Bubble Gum é um excelente livro, repleto de referências não só à cultura pop mas também a grandes clássicos, como "A Gaivota", de Anton Tchekhov. Através de uma narrativa extremamente eficiente, já nos primeiros capítulos começamos a desconfiar de que algo está faltando e nos deliciamos com os pequenos pedaços de informação que Pille libera, em doses homeopáticas e nos momentos perfeitos, para irmos montando nosso próprio quebra-cabeça. Como na grande maioria dos bons filmes que propõe um final supreendente, é possível que um leitor mais experiente e mais atento desconfie do desfecho logo no começo. No entanto, há tantas pistas apontando em tantas direções, que mesmo no caso do seu primeiro palpite vir a se confirmar, ele será uma enorme surpresa, principalmente pela enorme quantidade de outros palpites que vão ter passado pela sua cabeça. 

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