Com um estilo bastante contemporâneo, Dan Brown abusa uma escrita leve e direta. Seus livros parecem apelar para a corrida de informações abrindo mão do descritivo sensitivo. Ainda que tenha uma capacidade literária apurada, acaba caindo no que seria um estilo quase infanto-juvenil e uma receita repetitiva para seus mistérios. Ponto de Impacto é o segundo livro publicado por Dan e com certeza uma de suas piores obras. Trata-se de algo completamente comercial, sustentado pelas outras publicações de sucesso do autor, em que o preço vale apenas a assinatura na capa.
O livro nos empurra aos Estados Unidos em plena disputa presidencial. Uma nova descoberta da cada vez mais desacreditada NASA poderia mudar completamente o rumo das eleições e da própria ciência na terra. Com o objetivo de verificar a autenticidade da descoberta, a Casa Branca convoca a analista de Inteligência, Rachel Sexton, para uma base nas profundezas do Ártico. Lá, juntamente com uma equipe de renomados especialistas, Rachel se depara com uma provável fraude que ameaça afetar todo o planeta. Começa, então, uma corrida. A analista, junto com o pesquisador Michael Tolland, é perseguida por um grupo de extermínio enquanto tenta reportar suas descobertas ao presidente dos EUA. Cabe aos dois identificarem a fraude enquanto tentam desvendar quem está por trás das tentativas de assassiná-los.
Enquanto acompanhamos a trama, somos recompensados por uma leitura fácil e rápida. Não é necessária uma interação tão grande ou esforço para penetrar na história, entretanto, após 5 ou 6 horas de leitura, resta um sentimento de tempo perdido. Com personagens muito rasos, a publicação tem como ponto forte a ótima pesquisa feita em sua produção, mas, nem mesmo a apresentação dessa consegue ser empolgante. Por pouco a exposição de dados no livro não parece didática e dispensável.
A obra peca por sua simplicidade e obviedade. A quantidade de certezas que colecionamos ao longo do livro pode chegar a ser irritante. O suspense é regado de forma fraca e as informações relevantes para a conclusão dos mistérios são sempre muito expostas, causando pouco impacto nos momentos que deveriam ser de ‘revelação’. A conclusão é, infelizmente, frustrante. Ponto de Impacto pode ter grande utilidade na criação de novos leitores ou para ocupar algumas horas que poderiam ser de intenso tédio (na falta de outro livro), porém está algo distante do que poderíamos classificar como boa literatura.
