Entre ficção e realidade, Hell Paris 75016 é um "tapa na cara" da sociedade fracesa (não só ela). A agressividade da autora espanta, ela não tem medo de usar palavrões e frases polêmicas para criticar severamente lojas de grifes e toda uma sociedade que é "mergulhada" em drogas e sexo. O "choque" é ainda maior quando vemos que palavras tão duras vieram de uma mulher com feições delicadas e de grande beleza, o sonho de qualquer homem, Lolita Pille.
O livro conta a história de Hell, pseudonimo dado pela personagem (ou seria a própria autora?), pois achava não merecer o nome que tinha. Ela é arrogante, fútil e rica. Despreza a humanidade e é consumista ao extremo. Faz sexo unicamente pelo prazer, e também usa drogas. Onde se passa essa história nem um pouco elegante? Paris. Ao longo da narrativa, Hell conhece Andrea, um homem de bela aparência, mas com péssima fama. Ambos possuem muitos pontos em comum, incluindo o desprezar pela vida que levam.
Nada no livro é romântico, bonito, ou louvável, as personagens são autodestrutivas e vazias por dentro. A Hell não pensa em valores morais, na própria honra, ou em tomar atitudes de altruísmo. Ela quer tudo "para ontem" e não analisa antes de tomar uma decisão. Até mesmo o relacionamento dela com Andrea é longe de ser um conto de fadas, mas pelo menos tem um pouco de romance e ficamos felizes em saber que há pelo menos algum sentimento considerado "nobre" na relação de duas pessoas tão problemáticas.Durante o desenrolar da história nos perguntamos: o que é um relato da vida de Lolita? O que é a imaginação dela? O final nos deixa ainda mais curiosos, e por ser tão "forte", pode levar as lágrimas.
Hell Paris 75016 a princípio parece fútil, mas em longo prazo nos faz pensar sobre valores morais. É um retrato de que o dinheiro não compra a felicidade, ainda mais quando se tem a ilusão de que no mundo só existe você. O livro deixa o leitor inquieto, e pode aguçar o pessimismo do mesmo. Se o objetivo de Lolita Pille era mudar a "visão" das pessoas, ela consegue com nota dez.
