quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Caminho da Vitória

É comum acreditar que um bom roteiro consegue definir grande parte da qualidade de um filme por si só, que com uma história bem trabalhada, o filme já tem meio caminho andado para o sucesso. Em “O Vitorioso" (The Fighter, 2010) está a prova irrefutável de que com um roteiro muito simples e previsível, porém com uma direção inteligente e atores de qualidade, a coisa também pode dar muito certo.


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A trama é baseada na história real do pugilista Micky Ward (Mark Wahlberg), que tenta seguir os passos de seu irmão mais velho, Dicky Ecklund (Christian Bale), uma lenda do boxe em estado decadente. Treinado pela própria família, Micky acumula uma série de derrotas e parece não ter chances de alcançar conquistas semelhantes às do primogênito. Quando sua carreira aparenta não ter mais como deslanchar, ele conhece Charlene Fleming (Amy Adams), que o faz notar que o problema está na forma com que sua mãe e irmão administram sua vida profissional. Micky passa, então, a ter que escolher entre seus familiares e uma carreira mais séria e vitoriosa.


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A belíssima direção de David O. Russell deixa a história interessante, de fluxo envolvente e seguro. Ele conduz o que era para ser clichê como algo novo. Sua narrativa vaga pelas perspectivas das personagens centrais, nos deixando íntimos de seus pontos de vista e humanidade. A estética é perfeita para uma história que, mesmo tendo como plano de fundo o tema da superação, é essencialmente um drama familiar. A opção de utilizar câmeras dos anos 1990 para gravar as cenas de luta nos ringues e o documentário que é produzido durante o filme sobre Dicky Eklundque encaixa perfeitamente com a obra. A ideia dá um clima mais realista ao longa e também funciona como mecanismo de fusão entre a ficção e os fatos.


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Christian Bale, mais uma fez em uma ótima aparição, toma conta do filme. A naturalidade e profundidade que dá à sua personagem é por si só uma obra de arte e vale o preço do ingresso. Seu olhar firme porém desesperado, sua postura e trejeitos terminam por compor algo extremamente realista. A magreza desconcertante (lembrando seu primeiro longa, The Machinist, 2004) e olhos irritados causam estranhamento desde o início e deixam Bale quase irreconhecível.


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A ação do filme é levada de maneira bastante interessante, unindo leveza e intensidade, e tem apenas a somar pontos positivos para a obra. O histórico em tramas de superação com o boxe em plano de fundo nos mostra um sucesso quase certo na combinação (vide Menina de Ouro e Rocky). “O Vencedor” está longe de ser a exceção.


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