domingo, 6 de fevereiro de 2011

Comitiva de Bravos

Muitos estão tratando o novo filme de Joel e Ethan Coen como um remake da produção homônima de 1969, estrelada pelo mais famoso dos cowboys, John Wayne. No entanto, Bravura Indômita ("True Grit", EUA, 2010) não se trata exatamente de uma refilmagem da primeira versão cinematográfica ou do telefilme de 1978, já que foi adaptado diretamente do romance publicado por Charles Portis em 1968. E é incrível.


Na trama, a pequena Mattie Ross (Hailee Steinfeld, em seu primeiro longa), aos 14 anos, acabou de ter seu pai assassinado e decidiu não só assumir os negócios da família como também partir em busca de vingança. Alguém lhe diz que o melhor marshall que ela poderia contratar é Cogburn (Jeff Bridges, inspirado como sempre). Ela vai atrás dele e, com uma bela lábia, o convence não só a perseguir o assassino, Tom Chaney (Josh Brolin, impecável), mas também a levá-la junto para que ela dispare o último tiro.


Só que na última hora, Cogburn aceita a proposta de um policial do Texas, LaBeouf (Matt Damon, que a cada dia atua melhor), que quer levar Chaney a julgamento em seu Estado, e parte mais cedo, com ele. Mas Mattie não se deixa trair, e os encontra logo no começo do caminho, provando ser tão brava quanto eles, e ter um cavalo a altura. É aí que os três adentram os territórios indígenas em busca do criminoso.


O filme impressiona do começo ao fim. A fotografia é esplêndida e os diálogos são inteligentes e bem articulados. A edição tem um tom clássico, mas foge dessa estrutura em alguns pontos, criando um dinamismo perfeito e, para os olhos mais atentos e escolados, trazendo algumas brincadeiras e referências cinematográficas. Naturalmente nada disso seria possível se a direção não tivesse sido extremamente bem guiada, nesse caso me referindo não só à direção de atores e de enquadramentos, mas ao comando da equipe como um todo. Um belo exemplar do western clássico e ainda assim muito moderno.


Eu hesitaria em afirmar que Bravura Indômita é o melhor filme dos irmão Coen, porque não acho que seja. No entanto, não tenho a menor dúvida de que é o filme mais maduro da dupla, uma obra-prima que só se faz no auge da carreira. O triste de chegar a essa conclusão é nos fazer pensar que dificilmente eles nos surpreenderão daqui pra frente, mas eu sinceramente espero estar errado quanto a isso. Para concluir, me atrevo a disparar uma (não tão) pequena blasfêmia cinematográfica: na conjuntura atual, nem Clint Eastwood teria sido capaz de fazer um faroeste tão bem.

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