Simulacros e uma luxuosa caverna. Nem sempre a ignorância é exclusividade do mundo social, às vezes o ambiente privado pode causar demências e simulações muito maiores que qualquer opinião pública ou mídia. A cegueira, afinal, não é apenas patológica; é uma doença com diferentes sintomas e causas. Patologia essa a atingir a maioria de nós, uns com maiores graus que outros, é claro.
Em Dente Canino (Kynodontas, 2009, Grécia) três jovens se encontram presos e isolados em uma enorme casa de interior. A geografia não é exata, e pelo contexto e própria demonstração no filme, o "lar" dessas pessoas poderia ser em qualquer lugar da Terra ou do Universo. Como se aqui, estaremos a nos preparar para conhecer uma nova raça.
A película tem um excelente trabalho com os atores, a direção é primorosa
e o roteiro bem articulado e intrigante. O filme nos leva a experiência de
assisti-lo a um patamar filosófico e de êxtase. A sensação foi tão forte em
mim, basta eu estar agora escrevendo sobre ele para sentir tudo novamente. –
Como um bom filme deve ser: ele continua a existir em nós depois de assistido.
Não é apenas digerido e transformado em qualquer coisa, é absorvido por nosso
organismo, nosso peito.
Eu não via um bom filme grego já há algum tempo, esse sem dúvida me surpreendeu e tomou o posto de primeiro lugar nos meus favoritos de 2009. – No mais, nada deve ser dito além do que já foi. Escrever sobre este sem contar muitos detalhes, é melhor para o próximo espectador. Tenha em mente somente minhas impressões, sensações. É melhor para você e seu cérebro que ele se desdobre sozinho diante de seus olhos. A experiência será mais crua, mais vívida e real. Bom simulacro e bom filme.
