Sixto Rodriguez é um cantor de folk de Detroit, com uma infeliz curta carreira de estúdio. Ele lançou apenas dois álbuns, aclamados pela crítica, mas com venda mínima de cópias nos Estados Unidos do início dos anos 70. – Esse seria um argumento para uma triste história, certo? Nada mais distante da verdade.
Para Rodriguez, sua vida artística acabaria ali. Porém, seu primeiro álbum Cold Fact (por sinal, uma grande obra prima) tornou-se na África do Sul um ícone da música pop e inspiração para gerações. Uma verdadeira bandeira de libertação contra o governo da época. – Sua fama e música alcançaram tanto que ele seria para os sul-africanos maior que o Elvis para os americanos. E ele nunca saberia de nada disso se não fosse o poder da internet. – Criou-se ali uma enorme lenda em torno de Rodriguez, rumores de suicídios das piores maneiras (ateando-se fogo durante um show, dando um tiro em sua cabeça em frente à plateia...) e uma total falta de qualquer tipo de informação sobre Sixto tornaram-no em um mito. O homem de letras poderosamente escritas, capazes de conversar com nossas almas, viveu boa parte de sua vida sem saber do alcance de sua música.
Searching for Sugar Man (2012) já seria um filme quatro estrelas por tudo já dito nesse texto. Então a película finalmente nos apresenta ao mito, e sua maravilhosa personalidade. O título escolhido para essa crítica não poderia ser mais preciso. Conhecemos um homem de valores singulares e quase extintos, um pai de uma classe econômica humilde que levava as filhas ainda pequenas a museus e livrarias como programação de Domingo.
Obrigado, Rodriguez por me apresentar sua música tão bem composta, a qual agora eu sou mais um fã, por me fazer querer ser uma pessoa melhor e pela luz no fim do pessimismo para continuar acreditando que um dia, seja ele quando for, o talento de uma pessoa pode ser reconhecido. Mesmo em algum lugar muito distante de nós.
