
Entre as vantagens de se assistir a um filme tendo visto apenas o seu cartaz, a minha favorita provavelmente é: imaginar uma coisa e receber algo totalmente diferente. Como quando lemos um livro e, ansiosos, aguardamos os personagens materializados na grande tela. Certamente as impressões dos cineastas são muito diferentes das nossas, ainda assim, a ansiedade de assistir a materialização de um mundo é impagável.
Moonrise Kingdom (EUA, 2012) se ambienta em uma ilha na costa da Nova Inglaterra, nos anos 60. Um estranho menino logo se apaixona por sua versão feminina, tão estranha quanto ele. Logo, os dois planejam fugir juntos, abandonar suas vidas chatas e comuns para viver essa paixão infante. – Boa parte da cidade vira de cabeça para baixo em busca dos jovens, e para, alguma dessas pessoas, um pouco de balanço em suas vidas é exatamente o que precisavam.
Toda a parte visual do filme é louvável. Criando uma atmosfera ao mesmo tempo exótica e acolhedora. Quase como a casa feita de doces da bruxa no conto João e Maria. – É quase impossível não se apaixonar a cada minuto que passa pelo figurino, arte, maquiagem e fotografia. E como não bastasse isso, tanto o elenco infantil como os adultos estão brilhantes em papeis tão incomuns.
Forço-me a lembrar de minha própria infância, quando eu construía fortes e castelos, todos com colchões lá de casa e lençóis da minha mãe. Naquele tempo eu era somente um rei alheio e solitário, brincava apenas com meus súditos de pelúcia e não ousava pisar no lençol azul em volta do meu castelo, era o rio que protegia minha morada, cheio de crocodilos ferozes. – Ah, doce infância. Alguns podem acusar esse filme de teor demasiadamente hipster, o que para mim não é problema algum. Outros, como eu, vão mergulhar nessa nada convencional história de amor entre duas crianças. Aonde somos lembrados, como no fundo, as histórias de pessoas diferentes resultam em filmes muito mais interessantes do que as pessoas populares.
