sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Zumbis Feitos de Açucar


É estranho avaliar algo sem, mesmo com esforço, compreender completamente. Por um lado, podemos ter um filme de comédia sem qualquer intenção além de divertir. Por outro, podemos ter uma comum, ainda que forte, crítica ao caminhar da sociedade de hoje. Nas duas situações, ficar em cima de um muro é a melhor alternativa para se proteger de zumbis e suas metáforas.


O filme se passa em um mundo onde o ser humano de tanto esconder-se dentro de si, esfriou seu exterior. Trancou-se dentro do eu mais profundo e se tornou incapaz de se expressar, sentir qualquer coisa causada pelo advento. Criando assim uma selvagem fome por carne humana, mais especificamente ainda: cérebros, capazes de presentear aquele que os comem com a capacidade de sentir, reviver e projetar em si as memórias da pessoa recentemente acéfala.


Até aí, eu poderia confessar uma admiração pela mitologia criada em torno dessa história. Porém a menta criativa responsável por ela estacionou nesses pontos positivos. Um zumbi hispter colecionador de elementos da alta cultura, uma atriz principal de rosto e atuações medianas – facilmente identificável/relacionável por qualquer  espectadora – piadas diretamente da internet e uma cura para a epidemia zumbi realmente interessante, mas estragada pelo excesso de humor e tratamento piegas.


R (Nicholas Hoult) é um estranho zumbi, e sua vida passa a ficar ainda mais esquisita, tanto para ele quanto para o espectador, quando salva a filha (Teresa Palmer) do chefe da resistência humana (John Malkovich). O que se desenvolve é uma diferente história de "garoto conhece garota", neste caso "garoto morto conhece garota".


Meu namorado é um zumbi (Warm Bodies, 2013, EUA) além do péssimo título em nosso idioma, acaba se perdendo ao procurar caminhar por vários gêneros diferentes. Quase como se ele tentasse demais agradar vários públicos paralelos. Os lados positivos ainda são visíveis apenas para quem não se distrair com todos os erros ao redor. Uma difícil luta na balança. Um mundo interessante nem sempre acomoda uma história interessante.

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