segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Futuro Não É o Bastante


Tem gente que sempre imagina o futuro repleto de soluções e tecnologia, com uma sociedade muito mais próxima da perfeição e de mentes mais evoluídas. Há quem assista a um filme antigo, por exemplo, com ótimo roteiro, mas sem grandes efeitos ou qualidade técnica e pense que, se tivesse sido feito hoje, poderia melhorar muito. O problema é que nem o diretor e nem os atores são transportados para o remake, e as ideias sofrem mutações ruidosas. Certamente O Vingador do Futuro ("Total Recall", EUA, 2012) decepcionaria aqueles que, em 1990, imaginavam o filme original sendo produzido com vinte anos a mais de ‘sabedoria cinematográfica’. 



Sejamos francos. Não é o pior filme do mundo, nem o longa de ação mais banal. A questão é que, se for para recriar um clássico, que façam isso da melhor maneira possível. O filme original partia de uma ótima ideia e contrariava a si, criando algo bizarro e surpreendente o suficiente para colar seus olhos na tela. É bom por ser frenético e tosco. Já a pérola de 2012 peca, principalmente, por dois motivos: procura ser original demais, se afastar do filme que a inspirou; e tenta ter muita qualidade e seriedade, mas só tenta. 



A adaptação criou um mundo pós-guerra química, onde apenas dois extremos da terra são habitáveis: a Federação Unida da Bretanha e a Colônia. Basicamente, do lado melhor do planeta ficam os burgueses e do outro o proletário (no filme antigo esse lado seria Marte). Neste ínterim, o operário Douglas Quaid (Collin Farrell) vive tempos confusos, com sonhos que o atormentam e fazem questionar sua própria vida comodista. A solução? Recorrer à empresa Rekall, um grupo capaz de implantar grandes aventuras diretamente no interior da sua mente. A ideia era se divertir e relaxar. O problema é que, quando Quaid vai dar início à sua imersão, acaba recuperando parte de uma memória que teria sido apagada há alguns meses e começa a achar que pode ser outra pessoa. É então que surge Melina (Jessica Biel), uma revolucionária melancólica que tenta ajudar nosso operário confuso. 



Não gosto muito de chamar esse filme de remake, já que ele não se limita a uma remontagem (nada fiel) do clássico, mas cria um recorte referencial de diversos filmes, além de tentar bolar todo tipo de pegadinhas e sacadas fracas. Diante de tantos deslizes e decepções, chega a ser um abuso pensarem em ceder apenas um Razzie ao trabalho. Quem concorre pelo filme é Biel, como Pior Atriz Coadjuvante. Bem, está certo que a desenvoltura simplória dela como agente secreta sofredora ressalta aos olhos e a mesma vem como forte candidata, mas me parece ter faltado algo. Tinham mais coisas para a framboesa explorar.


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