terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Equívoco Perfeito: De Hobbes a Bielinky





Iniciando a carreira em longas-metragens de maneira brilhante com o filme Nove Rainhas (“Nueve Reinas”, 2000, Argentina) que, quatro anos depois, ganhou um remake hollywoodiano financiado pela produtora de Goerge Clooney e Steven Soderbergh, em A Aura (“El Aura”, 2005, Argentina), Fabián Bielinsky tentou manter a sua marca apostando, mais uma vez, na parceria com o ator Ricardo Darín. O que deu certo. A história tem um caráter dinâmico e surpreendente, que entretém e aguça o pensamento do público.



Darín, que vive um taxidermista (empalhador) melancólico que sonha um dia realizar o “crime perfeito”, faz uma ousada atuação que arrebatou críticos de diversos países. Diferente do personagem Marcos (Nove Rainhas), inescrupuloso, Esteban (A Aura) é do tipo frágil, por sua epilepsia, calado e observador. Passamos o filme nos perguntando: “será que uma hora haverá o tal ‘crime perfeito’?”, dado a sua boa índole e passividade.


Mas o que o público não está (estava) acostumado era com o nome de Fabián Bielinsky e sua incrível capacidade narrativa para Thrillers de ação. O filme, apesar da sua “história base”, possui um emaranhado de histórias secundárias que, por fim, se convergem. Há quem diga ser esta a sua obra-prima, desbancando o já clássico do cinema argentino Nove Rainhas, se estão certos, cabe a cada um decidir, afinal, chega um momento em que as qualidades técnicas não são mais critérios para um julgamento. Fica apenas o gosto pessoal.


Merecem destaque o roteiro, dinâmico, a direção madura que soube aproveitar de ótima maneira os ambientes em que se passa a trama (floresta), a pitada de romance dentro de uma narrativa tensa e pouco convencional e, claro, a atuação de Ricardo Darín, considerada a mais brilhante de sua carreira. É um daqueles filmes que te prendem na cadeira e tomam o seu ar do início ao fim. Ficamos com a frase de Hobbes "o homem é o lobo do homem" no nosso subconsciente.


Em 2006, na cidade de São Paulo, Bielinsky nos deixou. É uma pena ele não estar mais entre nós. Seria um dos grandes nomes do cinema latino-americano, assim como já é do argentino, com dois longas na carreira. 


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