terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

El Camino de Violeta



Faz dois anos que descobri Violeta Parra. Lembro ainda do meu espanto ao ouvir “Gracias a La Vida”, até então de autoria de Mercedes Sosa, era o quê pensava. Quando escutei voz de Violeta, pude sentir um sentimento contrário ao que ela expressava em sua música. Apesar de agradecer a Deus por todas as graças que lhe deu, notei uma profunda melancolia no passar dos versos.


Essa atmosfera permeia todo o filme “Violeta Se Fue A Los Cielos” (Chile, 2011), cinebiografia de Violeta Parra, baseada no livro homônimo de Ángel Parra, filho de Violeta. Dirigido por Andrés Wood, diretor de “La Buena Vida” e “La Fiebre Del Loco”. Há quem diga que una película mostra o seu valor nas cenas inicias, ou melhor, nos cinco primeiros minutos. Se isso for uma regra para o sucesso, Andrés conseguiu brilhantemente. A primeira cena, um Extreme Close-Up nos olhos de Violeta, consegue sintetizar bem o quê virá nos próximos noventa minutos. Vemos, em seguida, a cantora caminhando, só, por uma floresta de clima temperado em meio à neblina, expressando seu estado de espírito – uma mulher solitária e perdida.



Vale ressaltar também os brilhantes trabalhos da atriz Francisca Gavilán e da maquiagem de Guadalupe Correa. Uma das melhores caracterizações que vi no cinema latino-americano. A semelhança é tamanha que, por diversas vezes, perde-se o contato visual com a atriz e vemos Violeta Parra viva em pleno ano de 2011.



Um dado curioso é a participação de Ángel Parra (cantor e compositor), na escolha das músicas que compõem o filme. A famosa canção “Gracias a La Vida”, quando “entra em cena”, bate fundo no peito e lacrimeja os olhos. “Gracias a la vida que me ha dado tanto / Me ha dado la risa y me ha dado el llanto / Así yo distingo dicha de quebranto / Los dos materiales que forman mi canto / Y el canto de ustedes que es el mismo canto / Y el canto de todos que es mi propio canto”


É impossível assistir “Violeta Se Fue A Los Cielos” e não se emocionar. O Chile perdeu seu cacto mais exuberante – uma mulher com espinhos, isolada, mas extremamente mágica.


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