
A Segunda Grande Guerra devastou países, famílias e sonhos.
O terror tomou conta da Europa e enegreceu até mesmo os mais doces corações.
Perderam-se a inocência, a esperança, a credibilidade, a humanidade. Foi o
período, do nosso recente passado, que o caos dominou a Terra e expulsou o azul
do céu e o brilho das estrelas. Foi preciso se amparar na mais retoma esperança
de paz para não sucumbir ao desespero.
Em O Labirinto do Fauno ("El Laberinto del Fauno", 2006,
México), Guillermo Del Toro mostra que, as vezes, é necessário recorrer à
imaginação para enfrentar a dura realidade. Podemos ver o lado doce e pueril de
uma menina ser destroçado pelas atrocidades de uma guerra sem sentido (se é que
há sentido na guerra). Ophelia é uma menina de 11 anos que tem um encontro
misterioso com um fauno, uma criatura mitológica, meio homem, meio bode, habitante
dos campos, que lhe faz uma incrível revelação.
O filme abre espaço para uma série de discussões como: a
dificuldade da perda, o terror psicológico vivido durante a Guerra, o
desenvolvimento das crianças e a esquizofrenia. É uma belíssima história de
fantasia e suspense. Ophelia foi obrigada a criar uma realidade paralela, onde
era uma importante princesa, para proteger sua mãe e futuro irmão, das mãos da horripilante
ditadura franquista. Isso mostra o seu estado psíquico de esquizofrenia.
O brilhante trabalho do diretor mexicano só foi possível
graças a sua equipe técnica. A equipe de arte construiu um mundo fantástico e
convincente. Temos a impressão de que os faunos existem, assim como as fadas e
as armas do exercito caduco espanhol. A maquiagem, a própria criatura da
mitologia romana e as demais aparições tomam um aspecto tão fino, que nos
amedronta. Serão eles reais? Fica essa pergunta. E como se não bastasse, a
fotografia de Guillermo Navarro nos encanta.
Sem dúvida, O Labirinto do Fauno é uma daquelas obras que nos
tiram o fôlego. Parafraseando Einstein: “um espectador que se põe de frente
para o filme, jamais será o mesmo, quando este acabar”. Talvez seja essa a
explicação para as três estatuetas do Óscar.