
Assistir os filmes do diretor
argentino Juan José Campanella é sempre uma experiência emocionante. Choramos,
sorrimos, enraivecemos e sentimos pena. Uma verdadeira montanha-russa
sentimental. São o que chamamos de filmes “redondos” – história bem construída
com um personagem carismático e um fim que fecha toda a trama – os quais,
geralmente, saímos com uma sensação agradável após a exibição.
Em “O Segredo dos Seus Olhos” (El Secreto de Sus Ojos, 2009,
Argentina), Campanella apostou numa dupla que já havia conquistado o público em
1999 no romance “O Mesmo Amor, A Mesma
Chuva”, os consagrados Ricardo Darín e Soledad Villamil. O longa conta
ainda com as atuações de Guillermo Francella, Pablo Rago e Javier Godino (o
mesmo de “Abraços Partidos”).
A história fala sobre amor e os
diferentes caminhos que esse sentimento pode nos levar, pelo medo ou pela
coragem. Recentemente aposentado de um cargo do tribunal de justiça, Benjamin
Esposito (Ricardo Darín) decide escrever um livro sobre um trágico crime dos idos
de 74. Trata-se de um caso de estupro seguido de homicídio. Passa a busca em
suas memórias as lembranças daquela época. Envolvido na investigação do crime –
o Departamento de Justiça foi designado a investigar o caso – conhece Ricardo
Morales (Pablo Rago), marido da vítima, e promete ajuda-lo. Benjamin conta com
a ajuda de Pablo Sandoval (Guillermo Francella), amigo de trabalho, e Irene
Menéndez Hastings (Soledad Villamil), sua chefe e amor secreto. No entanto,
esse processo de remexer as gavetas do passado faz Benjamin questionar suas
atitudes e sua situação no presente.
Para isso, Campanella adaptou o
romance “La Pregunta de Sus Ojos”, do
escritor argentino Eduardo Sacheri e conseguiu a incrível façanha do filme
superar a obra literária. Com parceria entre Argentina e Espanha, a obra do
diretor portenho ficou 18 semanas no topo do ranking e, hoje, O Segredo dos
Seus Olhos é considerado o longa argentino mais visto nos últimos 35 anos.
“O Segredo dos Seus Olhos” é uma emocionante trama, uma verdadeira
obra-prima, do cinema argentino. Saímos dela com a sensação de ter tido uma experiência
única na obra cinematográfica latino-americana. Mereceu o Oscar de Melhor Filme
Estrangeiro de 2009.