
Confesso que tenho uma queda por longas-metragens que retratam os aspectos culturais e históricos daquele país, ao mesmo tempo que sou bastante crítico em analisar este tipo de filme. Querendo conhecer um pouco mais sobre aspectos sócio-políticos chinês, tive a felicidade de encontrar Adeus Minha Concubina ( "Bàwáng Bié Jī", China 1993). Dirigido por Chen Kaige, o longa foi proibido em seu país de origem.
Dieyi e Xiaolou se
conhecem ainda crianças na escola de ópera, ambos sendo treinados para atuar como tenores no futuro. Quando adulto, Xialou, que era parceiro na peça "Adeus
Minha Concubina" ao lado de seu amigo Dieyi, casa-se com a prostituta
Juxian. Por causa disso a amizade entre os dois é rompida. Só que com o tempo
um vai necessitando do outro para retornarem ao sucesso com a China em pleno
momento de guerra.
Chen consegue contar
a história da China de um jeito corajoso e ambicioso. O foco é a vida
particular dos protagonistas, mas com as transformações sócio-culturais da
revolução de Mao-Tsé-Tung afetando-os diretamente ao longo dos vários anos em que
se passam a trama. Não é a toa que foi proibido em seu país de origem, já que
trata de assuntos como homossexualidade com o personagem Dieity; o casamento
com uma prostituta; e a resistência de opera mesmo com as transformações do
país.
Infelizmente é um
filme indicado somente para os fãs do cinema-arte, já que tratam de muitos
assuntos ao mesmo tempo, o que pode soar confuso aos desatentos, além do ritmo
ser lento, aliado ao fato de durar quase três horas. Some isto ao fato da
história não apresentar heróis ou vilões, além dos protagonistas serem
obrigados a tomar decisões devido as circunstâncias.
Adeus Minha Concubina é
"ame ou odeie", mas todos respeitarão o perfeccionismo técnico
que Kaige aprimorou em cada uma das cenas. Não é a toa que o longa conquistou
dezesseis prêmios, incluindo melhor filme estrangeiro no globo de ouro em 1993.
Se gosta de filmes cults, este pode ser o melhor de todos os tempos.