quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Tropicalismo Muito Além da Música


No dia 21 de Setembro estréia o filme Tropicália (Brasil,2012), do diretor Marcelo Machado. O longa relata os caminhos do Tropicalismo, um movimento cultural que nasceu no final da década de 60 e que se alimentou das idéias inicialmente trazidas por Caetano Veloso e Gilberto Gil. O documentário nasceu na produtora Mojo Pictures, em Los Angeles. Lá teve uma grande ajuda do cineasta Fernando Meirelles, cooprodutor executivo do filme.


Em entrevista à Rolling Stones Brasil, o diretor disse que muitos não acreditavam no projeto. Caetano até chegou a dizer que já tinha sido falado tudo que havia para ser dito e que o resto de material existente da época tinha desaparecido. Apesar disso, Machado insistiu e fez um belíssimo trabalho de pesquisa, conseguindo bordar um ótimo recorte do movimento.

Um assunto muito explorado no projeto é a importância da TV para o desenvilvimento do Tropicalismo. Ele mostra como a divulgação projetada pelos grandes festivais de música foi importante pra disseminação do movimento que, como enfatiza Tom Zé no filme, alimentou intelectualmente os estudantes que mais tarde iriam se opor à Ditadura Militar. Com inteligência, eles conseguiam driblar, da mesma forma que Chico Buarque, a censura. Indiretamente diziam como o cérebro pode ludibriar a força.


Também ficam mais claras, para o público que desconhece o movimento, as influências do Tropicalismo, passando pela cultura pop nacional e internacional. O documentário aponta ainda para a importância do Pop Rock, do Modernismo (especialmente das idéias de Antopofagia) e do Concretismo, além da influência do Cinema Novo, como o próprio Caetano cita sobre o filme Terra em Transe, de Glauber Rocha.


Apesar de não surpreender muito, o filme foi muito bem produzido e o trabalho de pesquisa foi bastante bom. Vale a pena conhecer um pouco mais do nosso passado cultural e conferir o documentário que traz figuras como Tom Zé, Caetano, Gil, Torquato Neto, Os Mutantes e Rogério Duprat, que junto foram responsáveis por um dos melhores discos já lançados no Brasil, o "Tropicália" ou "Panis et Circencis", de 1968. O LP foi eleito em uma lista da versão brasileira da revista Rolling Stone como o segundo melhor disco brasileiro de todos os tempos.

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