
O amor falou alto, mesmo assim acabei deixando
um país tão inspirador em – quase – tudo que eu faço para tão tarde. A Espanha finalmente inicia hoje, depois de tantos países, o seu ciclo. E nada melhor para
começar do que com a excelência de um dos principais “produtos de exportação”
da economia espanhola: Sr. Nada Mais Nada Menos “Almodóvar”, o pai das
cores e do absurdo.
Qual filme escolher de uma filmografia tão
vasta e interessante? Depois de alguns dias pensando e fazendo anotações, vamos
abrir o nosso ciclo hispânico com Pepi,
Luci, Bom ("Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón", 1980), a primeira
película de Pedro.
Pepi (A deliciosa e incrível atriz Carmen
Maura) é estuprada por um policial após ser pega cultivando maconha em seu
apartamento. Aquilo naturalmente trás a ela raiva o suficiente para criar um
plano de vingança: fazer a esposa masoquista do oficial de justiça abandoná-lo.
O mais anárquico, talvez, dos filmes de
Almodóvar, Pepi, Luci, Bom se passa em sua tão amada cidade Madrid. A história se
desenvolve na era punk e bebe cegamente dessa estética. Como não poderia faltar,
fala de sexualidade, drogas, violência, limites pessoais... Um filme livre de
qualquer preconceito próprio. E eu arriscaria em dizer: o mais experimental dos
filmes de toda a carreira do cineasta. Dessas que bate uma certa inveja por não termos tido a ideia - e os meios - para fazer antes.
Embora cru em alguns aspectos, é praticamente impossível não
perceber o cineasta promissor, que Almodóvar então era, na época do filme. Mesmo quem não gostou sabia: aquele jovem espanhol daria trabalho. - Ele
não alcançou de imediato o sucesso com sua primeira película, mas certamente mostrou como era possível quebrar
caras e caretísses para se criar uma obra engraçada, libertária e sexualmente
cinematográfica!