
Sinceramente não sei como começar este texto. É a quarta vez que tento escrevê-lo (espero que seja a última). O dilema não encontra as palavras, mas sim transcrever para o papel a impressão que tive do filme. Não sei ao certo o que senti vendo-o. O filme é simples, emocionante, mas me causou um certo desconforto. A Vida Dos Peixes (“La Vida De Los Peces”, Chile, 2010), dirigido por Matías Bize, considerado pela Cahiers du Cinéma o cineasta mais promissor do Chile, é o nosso filme desta semana.
Nele, vemos a estória de Andrés (Santiago Cabrera), um homem na “casa dos 30”, que depois de passar 10 anos na Alemanha, volta ao Chile para uma visita. Em sua estadia no país, também tentar resolver os assuntos inacabados antes de voltar para Europa. No decorrer da trama, Andrés acaba indo a uma festa e lá reencontra o seu grande amor do passado, Beatriz (Blanca Lewin). O reencontro o faz reavaliar toda sua vida.
Definitivamente A Vida Dos Peixes traz consigo um novo estilo cinematográfico para a América-latina e, principalmente, para o Chile. Diferente do “favela-movie” brasileiro e do cinema de ditadura argentino, este filme é um olhar mais interno da sociedade chilena. É uma grande busca pelas respostas da mente e do coração, discutindo e avaliando nossas e o reflexo dela em nós e nos que nos circunda. Uma nova proposta do cinema latino-americano.
No entanto, o filme causou-me um certo desconforto. A simplicidade da estória recaiu nas imagens, na edição, na fotografia, ou seja, em toda área artística. Isso deu a ele, a meu ver, uma estética de seriado latino. Sinceramente, isso me incomoda. Que tenhamos uma linguagem cinematográfica diferente, algo fundamental para o desenvolvimento da sétima arte de um país, porém nem tudo o que é simples é belo.
A Vida Dos Peixes é um filme interessante, afinal foi o escolhido para representar o Chile no Oscar além de receber o prêmio Goya de Melhor Filme Hispano-Americano. Vale a pena acompanhar esse novo olhar latino sobre a sua sociedade.