sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um Jogo de Muitas Apostas

Em um país marcado pela ditadura, é natural que a nossa expressão artística se apoie nesse momento histórico. Cara ou Coroa (Brasil, 2012) é uma nova tentativa de se fazer filme sobre esse período histórico. Ele aproveita o momento mais como elemento narrativo do que como forma de fazer discurso. Mas essa outra face da moeda não consegue reunir todos os elementos essenciais para tornar o filme um pacote completo e impede a experiência de ser aproveitável.



Enquanto os anos de chumbo podem ser pano para bordar diversas discussões, o diretor resolve tratar sobre juventude. A universalidade desse tema é o que consegue atrair a atenção. A angústia dos protagonistas permanece a mesma até hoje e o contraste com as opiniões dos personagens mais velhos oferecem até um sutil alívio cômico.


A narrativa do filme é dividida em duas esferas: o teatro e os comunistas. De cara, o teatro é a parte mais desinteressante do filme. Com uma trama chata, previsível, e personagens dispensáveis que beiram ao caricato, ela não vale um níquel. O momento dos comunistas se escondendo na casa de um militar é infinitamente mais legal. Ele adquire um clima noir bem tenso que faz excelente uso da fotografia e da direção de arte. Além de contar uma história mais envolvente que, mesmo lenta, consegue te manter na ponta da cadeira. É fácil afirmar que o filme deveria abandonar completamente a primeira esfera para investir na segunda.


Em termos de produção o filme é show. Logo na primeira cena ele te joga nos anos 70 e consegue manter esse clima até o final. Não que seja surpreendente um filme brasileiro ser tão bem feito, o impressionante é o que conseguiram atingir com tão pouco dinheiro. Um lance de moeda é uma aposta com apenas dois possíveis resultados, ao contrário do filme. Que faz várias apostas e acaba perdendo de vista o que ele tem de melhor.



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