terça-feira, 11 de setembro de 2012

Uma Versão Oficial?


Sem dúvida a película argentina A História Oficial ("La Historia Oficial", Argentina, 1985), de Luis Puenzo, é uma grande obra. Não foi por acaso que conquistou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Porém, há um certo detalhe que ainda me intriga: durante o período ditatorial, tem como uma professora de história ser alienada ao que ocorre em seu país?



O filme conta a história da educadora Alícia (Norma Aleandro), que é casada com Roberto (Hector Alterio), um empresário envolvido com instituições americanas que adota uma criança no período ditatorial. Pertencente à classe média, ela tem amigos envolvidos na política argentina (tanto da esquerda quanto direita). Com o fim do regime, em 1976, uma grande amiga volta do exílio e conta os horrores dos “anos de chumbo”. A partir daí, a história se desenrola. Vemos as Abuelas de Plaza de Mayo, a desconstrução de seu casamento e a dúvida que permeia a história: quem são os verdadeiros pais de sua filha?


Fica a pergunta: como pode uma professora de história não ter conhecimento do que ocorre em seu país? Que a máquina de propaganda do governo fazia de tudo para mascarar o que de fato acontecia, sabemos bem, porém nunca foi motivo. E seus amigos que desapareciam? Será que ela nunca se perguntou o por quê?


O valor da obra não está em cheque, pelo contrário. É um ótimo filme, que merece ser apreciado. Sequências como na que Alícia e sua amiga conversam sobre os motivos que lhes separaram, ou na sua discussão com o marido, ou ainda quando encontra a avó de sua filha, causam grande comoção. Afinal, os brasileiros passaram por momentos bem semelhantes aos retratados na película. Essa história, inclusive, poderia se passar no nosso país.


Uma outra interpretação indica que o nome do filme A Historia Oficial poderia ser uma crítica a posição "oficial" das pessoas naquele período. De qualquer forma, merece ser visto, afinal, a Academia teve suas razões para premiá-lo.
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