sábado, 29 de setembro de 2012

Ajoelha e reza


Cinema, burguesia, máscaras, verdadeiras faces. Temas e metalinguagem dentro da obra de Luis Buñuel. – Continuamos o Ciclo Espanha, próximo do fim, com o mestre surrealista que lançou o cinema espanhol para o mundo.


Agradecemos ao cíclico, ao mundo que gira. Já observou muito bem Walter Benjamin: “Entre 1865 e 1875, alguns grandes anarquistas, sem comunicação entre si, trabalharam em suas máquinas infernais. E o surpreendente é que, de forma independente, eles tenham regulado seus mecanismos de relojoaria exatamente à mesma hora: foi simultaneamente, que quarenta anos mais tarde, explodiram na Europa ocidental os escritos de Dostoiévski, de Rimbuad e de Lautréamont.”  Essa implosão de dentro da literatura e ruptura com o passado, chamou Benjamin de surrealismo.


Nesse mundo então que encontramos o universo do filme Viridiana (Viridiana, 1961). Revoltado, revoltante e inteligente.  O filme com 90 min de duração e em preto e branco foi dirigido e escrito por Buñuel.


Viridiana (Silvia Pinal) é ordenada freira. Logo depois ela resolve fazer uma visita ao seu tio, um solitário homem à beira da morte. Ele se torna viciado na beleza da jovem e tenta de todas as maneiras seduzi-la antes de morrer, e falha. A morte do tio faz Viridiana refletir e decide então desistir de ser freira. Passa a morar na casa deixada por ele e transforma o lugar em um albergue. Ainda cheia de culpa cristã e vontade cega de ajudar, não percebe as verdadeiras naturezas de seus hóspedes.


Se há cinquenta anos o surrealismo abalou a sociedade, o que aconteceria com esse filme hoje? E se houvesse em nosso tempo um movimento que colocasse a prova essa normalidade burguesa a qual nos acostumamos e gostamos tanto? Seu lugar é garantido na história, e sempre penso em como ele foi recebido na época se até hoje ainda choca os mais conservadores... Enfim – Uma verdade seja dita, polêmica ontem, obra prima hoje. Não que isso seja uma equeção sempre certa, porém nesse caso vai além da verdade. Viridiana é curto e grosso. Passa a mensagem de forma clara, sem ser simples e infantil. Fica essa enorme dica, meus caros.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...