
Hoje não amanheci bem. Sabe aqueles dias em que nada faz sentido? A cama, a luz, o banho, o prato, o sol, nada faz sentido. É tudo um imenso vazio. É como se eu estivesse preso no vácuo, uma espécie de "limbo sentimental". O desejo por desejar algo. Sei que o papo está meio caído essa semana, mas é justamente nesses momentos em que o cinema comprova a sua força. Porque, ao menos nos filmes, a emoção retorna. Posso então rir, chorar, sentir medo ou alívio. Cinema não é apenas arte, entretenimento ou criador de climas para possíveis “entendimentos”, mas também um produto curador de diversas mazelas. Principalmente as do espírito.
Num momento como esse, o melhor remédio cinematográfico é um filme como Não É Você, Sou Eu (“No Sos Vos, Soy Yo”, Argentina, 2004) do diretor Juan Taratuto. La película conta a estória de Javier (Diego Peretti), um jovem e recém-casado médico que resolve embarcar numa nova aventura profissional. Ele decide ir para os Estados Unidos ao lado de sua mulher María (Soledad Villamil). Ainda preso pelos tramites legais, deixa sua esposa ir primeiro. Así, comienza a hilariante trama dessa comédia romântica. Os dois se separam e Javier busca um novo amor.
O mais interessante dessa história é a familiaridade com nossas experiências amorosas. As dificuldades para se encontrar um outro alguém, quando, na verdade, só queremos aquela(e) que nos fez(faz) sofrer. A falta de perspectiva e de desejo por tudo que nos circunda. Juan Taratuto consegue demonstrar isso de uma forma leve e engraçada. Vemo-nos ali, na tela, e damos imensas gargalhadas. Afinal, “Não é você, sou eu” é o maior chavão de final de relacionamento e aquele(a) que nunca ouviu, irá escutar um dia.
Vale a pena conferir. É uma comédia despretensiosa e, como tal, nos faz refletir suavemente sobre o balanço geral do término de uma relação.