Pelo segundo ano consecutivo o Canadá concorre na
categoria de Melhor Filme em Língua estrangeira, sendo o quarto do país a
entrar na briga pela famosa estatueta dourada desde a virada do milênio. Com o
mesmo número de indicações de Israel e México, fica atrás apenas da Alemanha e
França. Adaptado da peça “Bashir Lazhar” da autora Evelyne de La Chenelière, o
escolhido desse ano Monsieur Lazhar (“Monsieur
Lazhar”, 2011) junta-se aos incríveis conterrâneos Incêndios (“Incendies”, 2010), Water
(“Water”, 2005) e As Invasões
Bárbaras (“Les Invasions Barbares”, 2003), sendo este o último vencedor da
categoria e considerado uma das melhores produções do vizinho norte dos
americanos. O filme não é o favorito para levar o tão cobiçado prêmio, mas
deixou de fora da lista os indicados do México, Finlândia e Uruguai, aclamados
pela crítica. O que o torna tão especial então?
Montreal. O imigrante algeriano de 55 anos, Bachir
Lazhar (Mohamed Fellag) fica sabendo da morte repentina de um professor.
Aproveita a oportunidade para oferecer seus serviços como instrutor substituto
na escola. É rapidamente contratado e logo se encontra em um estabelecimento de
classe média em crise desde o incidente. Obrigado a lidar também com seu
próprio drama pessoal, aos poucos a distância cultural entre Bachir e sua
classe se torna mais e mais aparente. Um grupo de crianças abaladas ainda que
encantadoras. Entre elas os mais afetados com o suicídio de seu antigo e
querido professor estão Alice (Sophie Nélisse) e Simon (Émilien Néron). O
substituto inicia um processo de cura em seus alunos enquanto esconde um
passado doloroso e o risco de ser deportado a qualquer momento.
Um encontro de visões pessoais e ajuda mútua. O
Diretor e Roteirista Philippe Falardeau conta sua história ao som de uma trilha
sonora delicada que não chega a ser melodramática. Raramente em nossas vidas
drama ou tragédia chegam sozinhas. E não seria diferente nesse filme, entre bom
humor e sensibilidade, acompanhamos a trajetória de um homem transcendendo sua própria
dor para ajudar crianças com o tabu da morte e o silêncio aflito que fica
depois da perda. Uma mistura de Doutores da Alegria e o ótimo exemplar francês
Entre os Muros da Escola, Monsieur Lazhar
é um trunfo delicado, daqueles que se fosse um livro deixaríamos bem ao
nosso lado toda noite antes de dormir.
