quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ferro, carne e osso.

Você simplesmente sabe que A Dama de Ferro ("The Iron Lady", Inglaterra/França ,2011) vai ser exibido para as crianças na aula de história. Antes isso poderia significar algo ruim, mas desde que “A Rainha” cativou salas de cinema e de aula descobrimos que aprender pode, de fato, ser divertido. Dessa vez, a personalidade inglesa em questão é a ex-Primeira Ministra Margaret Thacher. Embora muito mais legal do que “A Ilha das Flores”, o filme ainda passa uma impressão muito forte de relato histórico correto.


Para evitar se tornar um vídeo institucional massante, o filme tenta dividir a sua atenção em duas linhas narrativas. A primeira mostrando a Dama de Ferro já velha se desfazendo das coisas do falecido marido, e a principal, que mostra ela em sua ascensão ao poder. Claro, o que queremos ver é como ela fez jus ao nome, mas a primeira narrativa é muito mais interessante. Não só por permitir maiores liberdades na montagem, mas também porque consegue criar um envolvimento maior com a personalidade.


Por mais que se consiga sentir empatia pela personagem, esse não é o sentimento (nem a intenção) do filme. Ele é predominantemente referencial, e se preocupa do início ao fim em contar a história como ela aconteceu, o que é bom até certo ponto. Por mais que liberdades poéticas sejam bem vindas, a decisão de ser fiel aos fatos não chega a ser uma opção mais que um estilo. Um que o filme veste muito bom.


É claro, nada isso importa se a atriz que encarna o ferro não está a altura. Meryl Streep está Meryl Streep como sempre, surpresa nenhuma sua nomeação ao Oscar. Ela apresenta uma semelhança até perturbadora com a antiga ministra. Dito isso, ela carece do carisma da Rainha Hellen Mirren, ou até de suas competidoras esse ano. Não é uma questão de excelência, mas sim de sedução. Um truque que a Miss Monroe poderia ensinar a Lady Thatcher.


No final, você fica querendo que “A Dama de Ferro” fosse outro filme. Um filme melhorzinho, com que você se importasse mais. Não dá pra dizer que é um filme ruim, mas ele não tem força suficiente para tornar-se memorável. O gosto de “quero mais” logo se esvai quando saímos da sala do cinema.

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