terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Melhor do Ano Passado

Não apenas de um país ou continente, mas do mundo. Uma película que conquistou as mais diversificadas plateias. Deixou-me com as pernas tremendo depois da primeira vez que a assisti e fez valer cada centavo do ingresso. Um conto local reverberando em corações globais. Vamos falar hoje sobre o melhor filme de 2011. Pode soar como pretensão, mas, por favor, ignore o óbvio e mantenha o peito aberto. Prontos? Eis A Separação (“Jodaeiye Nader az Simin”, Irã, 2011), dirigido e escrito pelo brilhante Asghar Farhadi.


Em busca de condições melhores para sua família, Simin (Leila Hatami) quer deixar o Irã com seu marido Nader (Peyman Maadi) e sua filha única Termeh (Sarina Farhadi). Ela acaba pedindo o divórcio quando ele recusa a deixar para trás o seu pai (Ali-Asghar Shahbazi) que sofre de Alzheimer. Com o pedido negado, Samin volta para a casa de seus pais enquanto sua filha fica com Nader. Para tentar melhorar a situação e ajudar com os afazeres domésticos, ele acaba contratando uma jovem mulher para cuidar de seu pai doente. Esperando que tudo voltasse ao normal, as coisas pioram quando Nader descobre que sua empregada tem mentido para ele. O que acontece em seguir é uma trama que tinha tudo para ser complicada demais por tratar tantos temas ao mesmo tempo, porém por ser tão bem escrita se desdobra como uma obra-prima (sem nenhum exagero).


Assistir a esse filme é o tipo de experiência que não tinha faz um bom tempo. Como disse 
Asghar Farhadi, é uma história de detetives sem detetives. Nós, a plateia ansiosa, aos poucos já estamos a juntar partes de um quebra-cabeça muito bem montado. Não tem essa do diretor nos conduzir a um ponto comum, temos a permissão de ver todos os lados e tirar nossas próprias conclusões se for necessário. Procuramos questões ao invés de ideias e respostas, cada um vai olhar para um rumo. Não piscamos para não perder nada, dos ótimos diálogos rápidos à direção inteligente capaz de não tomar partido de nenhum personagem. A Separação
 une cérebro e coração como um órgão só, pensamos e sentimos o que realmente nos causa. Quando tudo acabar, o filme se torna algo parecido com aquelas boas lembranças que temos de momentos felizes e trágicos. Dói no peito, nos faz abrir um sorriso e a nostalgia polui de forma delicada as nossas veias.

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