sábado, 11 de fevereiro de 2012

Perdoe-me Pela Gula



A viagem foi longa. Ok, talvez nem tanto. O que preciso é de um bom pub, beber alguma coisa e colocar os pés para o alto. Deixamos a Dinamarca e chegamos à terra de Harry, Rony e Hermione. Vamos então falar de magia? Bem, se o sobrenatural compreende histórias “normais” com o dom impressionante de encantar, então sim, vamos falar de roteiros mágicos e artes ilusionistas. Segurem os caldeirões, crianças, esta poção é altamente viciante e o ciclo Inglaterra está no ar.


Toast (“Toast”, 2010) é um filme produzido pela BBC para a televisão e dirigido por S. J. Clarkson. Algumas pessoas costumam torcer o nariz para aqueles que não são feitos para a grande tela. Porém um conselho: acho melhor colocar esse nariz no lugar, porque a história dessa película conta a vida da sensação culinária Nigel Slater e você vai querer ele funcionando perfeitamente para sentir o cheiro de cada cena. E claro, tire as ceras dos ouvidos, meus caros: Dusty Springfield colando o recheio da trilha sonora.


Wolverhampton, anos 60. Nigel (Oscar Kennedy/Freddie Highmore) ama sua mãe (Victoria Hamilton) mesmo esta sendo uma terrível cozinheira, capaz apenas de lhe preparar torradas descentes. Enquanto seu pai (Ken Stott) é rude, distante e inútil. O garoto ainda com nove anos já mostra paixão por cozinhar e sempre observa sua mãe em desventuras com panelas.  Quando ela vem a falecer, o jovem é obrigado a viver apenas com aquele que deveria ser uma figura paterna e a nova empregada, Sra. Potter (Helena Bonham Carter), excelente no fogão e na limpeza. Não tarda para ela conquistar o pai pelo estômago e a inimizade do filho.  Nigel cresce e a rivalidade se torna bastante visível quando os dois começam a brigar para ver quem prepara os melhores manjares.


O filme nos pega pela gula, direção de arte e figurino delicados. A música vai nos cobrindo de glacê. Uma linha narrativa do amor pela comida, descoberta da sexualidade e tesão pelo bom paladar. Fica a sensação de adocicado na boca e levemente azedo nas veias, como é a trajetória de cada um de nós. Já cantava Dusty Springfield, “O gosto da vida era doce como a chuva em minha língua. Eu brincava com a vida como se ela fosse um jogo bobo. Assim como a brisa da noite brinca com a chama de uma vela”.


Porque ver filmes é como se alimentar, nos saciamos quando assistimos a um bom filme, mas a fome sempre volta. Então que tal esse para o seu próximo jantar? E de sobremesa, uma merengue de limão, por favor.
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