quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Uma Nova e Doce Perspectiva


Um filme cadenciado e doce, que sem perder o ritmo consegue ainda fazer saltarem os nervos, constranger e dar lições fortes de vida. Histórias Cruzadas ("The Help", EUA/Índia/Emirados Árabes Unidos, 2011), abusa de conflitos que enchem os olhos dos americanos para encantar expectadores de todo tipo com uma bela narrativa e atuações impactantes.


O longa, baseado no livro homônimo de Kathryn Stockett, conta a história de dois grupos de mulheres bens distintos, todas moradores do Mississipi, no início dos anos 60. De um lado temos as mimadas e bem casadas ricas brancas, do outro as suas empregadas negras. As relações parecem estar muito bem definidas, com as primeiras comandando as outras como animais sujos (porém úteis). Isso muda quando a jovem Eugenia Skeeter, recém-formada em jornalismo e bem diferente das mulheres de seu tempo, inicia uma empreitada para escrever um livro sobre “o lado das negras”, que jamais era ouvido. A atitude acaba como uma guerra entre os dois lados e em uma mudança total de perspectivas.


O elenco é mais uma das catarses do filme, ao colocar em destaque a graça e o peso das artistas que carregam para a tela precisas. O tema principal, forte, deslisa suavemente durante a obra. A direção é ressaltada pela qualidade e simplicidade com que a história, já digna de méritos, é transmitida. O estranhamento da produção fica por conta exatamente dessa influência forte e leve que o filme exerce. No fim, o longa deixa a lembrança do quanto o preconceito e racismo ainda estão vivos na sociedade, escondidos em uma aparente normalidade cômoda. Um livro como “The Help” ainda poderia ser escrito e é. Vemos o mesmo fenômeno em obras como 5 Vezes Favela, Agora Por Nós Mesmos, por exemplo.


Com diversão e até um pouco de aventura, a prosa feminina (que é o filme) nos faz valorizar a história dos negros, por tudo que sofreram e pelas lutas que ainda hoje existem, além de dar muita beleza ao encontro cultural, normalmente colocado de lado. A fotografia segue todo contexto do filme, sendo justa ao caminhar da história assim como delicada diante das fortes mulheres que a desempenham. A direção de arte também se faz destacar, basta ver. A trilha tem papel básico, apenas completa a obra, seguindo também os passos referidos. Mesmo podendo parecer insosso, como eu acreditei pelo cartaz, Histórias Cruzadas é na verdade uma torta... Doce, no ponto e com bastante chantili.

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