
Nada deveria ser uma surpresa quando se trata de Stanley Kubrick, mas Dr. Fantástico (Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, EUA / Reino Unido, 1964) não é nada meno do que o nome sugere. Um filme que pode até ser ofuscado pelo resto da filmografia do diretor, mas que, mesmo assim, possui toda a força de uma narrativa inteligente e divertida.
No auge da Guerra Fria, uma crise semelhante à Crise dos Misseis em Cuba estoura e ameaça destruir o mundo. A única diferença é que esses caras claramente têm uns neurônios a menos. Pense em personagens dos irmãos Coen com poder nuclear. A ação se divide em dois núcleos: a trama cerebral e política do pentágono e a tensão de um avião carregando uma ogiva. É a partir daí que desenvolve uma comédia de desentendimentos que consegue fritar seu cérebro ao mesmo tempo que faz você apertar o encosto da poltrona.
Se você olhar no imdb vai ver que Peter Sellers está no elenco, e interpretando três personagens. Cada um consegue ser mais caricato que o outro, combinando perfeitamente com o tonus filme. Por mais que todos os personagens de Sellers estejam ótimos, incluindo o próprio Dr. Fantástico, ele não tem monopólio dos papéis inesquecíveis deste filme. Um grande destaque vai para o Major T.J. King Kong, um cowboy que celou uma bomba atômica.
As aventuranças de Kubrick pela comédia não são tão comuns, mesmo assim, Dr. Fantástico é um testamento da habilidade do diretor de tecer um filme e do seu domínio do gênero. Uma parada obrigatória para qualquer fã, ela garante chocar, entreter e ensinar quem tiver interessado em conhecer o verdadeiro potêncial da ignorância humana.