
Em tempos de
lucro a todo custo, muitos estúdios vem apostando no segmento da comédia, que
atrai milhões de espectadores aqui no Brasil (“E Aí, Comeu?”, “De Pernas Para o
Ar 2”, “Até Que a Sorte Nos Separe” etc.) e no mundo. Estas produções são
vistas pelos críticos como um chamariz de bilheteria, apesar de não
acrescentar para a formação de uma “identidade” cinematográfica brasileira. O
motivo dessa repercussão é o formato semelhante ao apresentado na TV, o que
gera um sentimento de familiarização com a obra a ser exibida.
No entanto,
têm produções que mesmo sendo classificadas como comédia, apresentam aspectos
criativos, tornando-se excelentes obras. Um bom exemplo é o filme Medianeras (“Medianeras”, 2011, Argentina)
de Gustavo Taretto. Trata-se de uma sutil narrativa que retrata as dificuldades de uma
relação intima no fluxo frenético da vida urbana atual. A fobia, seja ela em
relação interpessoal ou por pontos específicos, como altura e elevador são
mostradas como o ponto delimitante dos problemas causados por essa vida
claustrofóbica.

Temos Martin (Javier Drolas), um homem com
fobia social que vive interligado com o mundo por meio da internet e Mariana (Pilar López de Ayala) que acabou recentemente um
relacionamento em que vivia na casa de seu namorado. Os dois vivem reclusos em seus
apartamentos em Buenos Aires. Abre-se espaço para a discussão da nossa situação
num mundo cada vez mais virtual e “distante”.
Apesar da clara constatação do encontro dos
dois, o filme não se prende a isso. Medianeras
é o espaço entre as janelas dos apartamentos de frente e fundos de um
prédio, geralmente usados para publicidade. Desse modo, Taretto mostra o grande
fluxo de informação e ações que dividem (separam) os indivíduos, dificultando
as relações íntimas. É um interessante filme que usa a comicidade para discutir
um problema recorrente em nossa sociedade.