terça-feira, 2 de abril de 2013

Uma Comédia Virtual


Em tempos de lucro a todo custo, muitos estúdios vem apostando no segmento da comédia, que atrai milhões de espectadores aqui no Brasil (“E Aí, Comeu?”, “De Pernas Para o Ar 2”, “Até Que a Sorte Nos Separe” etc.) e no mundo. Estas produções são vistas pelos críticos como um chamariz de bilheteria, apesar de não acrescentar para a formação de uma “identidade” cinematográfica brasileira. O motivo dessa repercussão é o formato semelhante ao apresentado na TV, o que gera um sentimento de familiarização com a obra a ser exibida.

No entanto, têm produções que mesmo sendo classificadas como comédia, apresentam aspectos criativos, tornando-se excelentes obras. Um bom exemplo é o filme Medianeras (“Medianeras”, 2011, Argentina) de Gustavo Taretto. Trata-se de uma sutil narrativa que retrata as dificuldades de uma relação intima no fluxo frenético da vida urbana atual. A fobia, seja ela em relação interpessoal ou por pontos específicos, como altura e elevador são mostradas como o ponto delimitante dos problemas causados por essa vida claustrofóbica.

 

Temos Martin (Javier Drolas), um homem com fobia social que vive interligado com o mundo por meio da internet e Mariana (Pilar López de Ayala) que acabou recentemente um relacionamento em que vivia na casa de seu namorado. Os dois vivem reclusos em seus apartamentos em Buenos Aires. Abre-se espaço para a discussão da nossa situação num mundo cada vez mais virtual e “distante”.


Apesar da clara constatação do encontro dos dois, o filme não se prende a isso. Medianeras é o espaço entre as janelas dos apartamentos de frente e fundos de um prédio, geralmente usados para publicidade. Desse modo, Taretto mostra o grande fluxo de informação e ações que dividem (separam) os indivíduos, dificultando as relações íntimas. É um interessante filme que usa a comicidade para discutir um problema recorrente em nossa sociedade. 
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