terça-feira, 16 de abril de 2013

O Elo Mais Frágil da Guerra



Infelizmente, o passado recente de toda a América Latina é recheado por revoluções, ditaduras e guerras civis. Milhares de homens e mulheres foram presos, torturados e brutalmente assassinados em prol de um ideal (torpe ou não). E é uma característica do nosso cinema abordar tal tema. Temos exemplo do Chile de Pinochet retratado por Pablo Larraín (“Post Mortem”, “Tony Manero” e “No”), a Ditadura Militar brasileira por Cao Hamburguer (“O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias”), a Revolução Cubana por Steven Soderbergh (“Chel: El Argentino” e “Che: Guerrilla”), apesar do diretor ser estadunidense… No entanto, o diretor mexicano Luis Mandoki surpreende ao mostra a revolução de El Salvador pela perspectiva de uma criança em Vozes Inocentes (“Voces Inocentes”, México, 2004).

Se Cao Hamburguer mostrou as peripécias do cotidiano de um garoto afastado de seus pais pela ditadura militar, Mandoki emociona ao por uma criança em meio a revolução. Não cabe a ele abstrair ou imaginar uma nova realidade, porque tem que lidar com os horrores de uma batalha insana. A morte, o medo, a revolta, o amadurecimento precoce fazem parte do seu dia a dia.

 

Acima de tudo, Vozes Inocentes é um exercício de reflexão sobre o impacto nas crianças das lutas armadas. O filme aborda o uso desses jovens em exércitos e a injustiça com os mais frágeis, obrigando-os ao combate da guerra. A primeira vista, pode parecer um tema restrito a realidade salvadorenha, mas logo vemos similaridades com outras partes do mundo. O recrutamento de crianças em alguns países africanos, a ala ortodoxa e agressiva em países árabes, o tráfico de drogas no Brasil. Nesse sentido, Mandoki propõe uma discussão sobre como será o futuro dessa nova sociedade.

 

Sem dúvida é um trabalho impactante com muita tensão, delicadeza e ousadia. É espantoso saber que se trata de uma história real, dado o seu caráter supreendente.
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