domingo, 14 de abril de 2013

Na Flor da Idade


Alguns filmes do Stanley Kubrick são eternos, e também tem Lolita (“Lolita”, EUA , 1962). Não se trata de forma nenhuma de um filme ruim. Apenas um que não resistiu ao teste do tempo, pelo menos não tão graciosamente como outros clássicos do diretor.


Depois de um flashfoward muito surpreendente, talvez o primeiro de seu tipo, nós somos jogados num cotidiano pacato onde um escritor aluga um quarto na casa em que a filha de dona é... Bem, uma Lolita. Como qualquer homem que perde a compostura por um rabo de saia, ele fica de quatro por ela e cede a todo e qualquer capricho. E as decisões ruins começam. Dá pra imaginar as donas de casa dos anos 60 se ultrajando com a polêmica da pedofilia implícita no relacionamento dos dois. Só que, num mundo onde Ben Affleck é diretor e Channing Tatum é stripper, Kubrick precisa de algo mais forte para nos chocar.


A premissa do filme é simples, e até, por si só, interessante: “Será que ele é pedófilo ou ela que é adultófila?”. Novamente, para a época esse twist deveria ter sido bem interessante, agora, nem tanto. Os adolescentes nos filmes já são capazes de fazer coisas bem piores, e também estão mais sexualizados. O roteiro foi intimamente escrito com ajuda do Vladmir Nabokov, autor do livro-origem, que escreveu seu clássico por pedido do próprio Stanley Kubrick. Mas a sutileza que deveria ser intrigante e perversa não transcreve tão bem pra telona, o resultado final acaba sendo enfadonho.


Peter Sellers é sempre Peter Sellers, e nesse caso um atlas que carrega o resto do filme. Não que o filme precise de ajuda para funcionar, ele é fácil de levar e agradável de assistir. O problema é que ele não permanece atual. Definitivamente não funcionaria se fosse um lançamento dessa semana, mas como clássico merece uma certa olhada.
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