Por mais imperfeito que seja, Stanley Kubrick deixou o palco da vida no auge. O mestre abandonou o mundo sem deixar de confirmar a sua genialidade em cada película. De "Medo e Desejo" (1953) até o nosso filme da vez: De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut, EUA/Reino Unido, 1999).
A obra conta a história do Dr. William Haford (Tom Cruise, quando ele ainda fazia bons filmes), que desenvolve uma espécie de obsessão sexual depois de sua esposa (Nicole Kidman) assumir já ter sentido desejos por outro homem. O que ele não esperava, é deixar-se levar em um mergulho profundo em uma cultura do sexo obscura e misteriosa.
A primorosa fotografia cria uma atmosfera menos realista. Um universo quase onírico a dialogar com a brutal realidade do corpo, tato e consequentemente do sexo. A direção nos conduz como virgens por esse mundo tão instigante. E claro, a história. O roteiro, também do Kubrick, é extremamente bem costurado e a “jornada do herói” ganha aqui um novo significado.
Eu não teria medo de mostrar um filme como esse aos meus filhos, como a classificação etária européia. Eu prefiro meus herdeiros aprendendo desde cedo as consequência externas de seus corpos, e ver filmes onde uma barbie masculina mata milhões de pessoas, sem derramar uma gota de sangue na tela, em nome de um país. Não, obrigado. Aqui estamos falando de um filme obrigatório para cinéfilos, amantes do cinema, estudiosos ou simplesmente aqueles apaixonados por sexo e arte.
