quarta-feira, 3 de abril de 2013

A Fonte Tarantinesca


Johnny Clay, um ex detento calculista e durão, acaba de sair da cadeia e tem um plano genial para roubar o dinheiro das apostas em um hipódromo sem que ninguém saia ferido. O problema é que, como em qualquer grande aposta, não adianta saber jogar o jogo, sempre é preciso de um pouco de sorte.


O Grande Golpe ("The Killing", 1956, EUA) é o primeiro e único filme de roubo de Stanley Kubrick, terceiro longa-metragem de sua filmografia. Assistir ao filme dá impressão de que estamos vendo o aprendizado de um gênio. Seus ângulos não convencionais aparecem em alguns momentos, revelando o caminhar de uma das características que se tornaria uma das marcas de Kubrick. A história que te prende até o final e a direção perfeccionista também já dão as caras nesse filme.


Jonnhy Clay e sua equipe precisam pôr em prática um elaborado plano para faturar 2 milhões com o dinheiro das apostas em corrida de cavalos. Uma distração na pista e outra no bar, dá a possibilidade dos assaltantes entrarem na “sala do dinheiro” para realizarem o assalto. Do lado de fora, um carro espera a grana cair pela janela em uma sacola. Após o roubo, Johnny Clay e sua equipe precisam se encontrar em um apartamento para dividir o dinheiro, mas nem tudo sai como planejado. A esposa de um dos integrantes do grupo elabora um plano paralelo com seu amante para roubarem todo o pote. 


Baseado no romance Clean Break de Lionel White, Kubrick arriscou em manter a estrutura não-linear do livro. A narração em off e a fotografia preta e branca com bastante contraste complementam a atmosfera literária do filme. A história é contada de forma bastante peculiar para a época, mas num formato que já estamos mais do que acostumados. O Grande Golpe começa com um dos momentos do plano sendo executado e corta para a preparação do assalto, transitando de pontos de vista a todo momento. Não há dúvidas que Quentin Tarantino ou Guy Ritchie beberam dessa fonte para escrever "Cães de Aluguel", "Pulp Fiction ou Jogos", "Trapaças" e "Dois Canos Fumegantes".


Apesar de ser apenas o seu segundo filme, não tem como negar o perfeccionismo e a genialidade latente que vão se desenvolver ainda mais nos próximos filmes de Kubrick, inspirando centenas de outros cineastas.
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