sábado, 27 de abril de 2013

Esculpir o Meu Tempo


Eu ainda encontro-me com dor de cabeça. Duas noites se passaram desde o fim do filme e minha mente ainda sente o peso dele. Sua complexidade não foi alcançada por minha imaturidade fílmica e da vida, no entanto, minha jovem curiosidade me fez aguentar tranquilamente sua duração de quase três horas. 163 minutos de socos no estômago, 163 lembretes de "acorde e pense". - Tarkovski não apenas esculpiu o tempo, como modelou em mim um enorme carinho por sua obra.


Stalker (“Сталкер”, 1979, União Soviética) é uma película inicialmente em preto e branco e conta a história de um atravessador, um homem com a capacidade “sobrehumana” de levar pessoas até a militarmente protegida Zona. Uma área misteriosa cujo objeto de maior curiosidade de todos que se aventuram por lá é uma sala conhecida por conceber desejos.


Iniciei minha jornada para assisti-lo acompanhado, por sua temática pesada e construção temporal particular, terminar de vê-lo sozinho. O que de certa forma foi bom e ruim ao mesmo tempo. Fiquei com uma vontade incontrolável de falar sobre ele, tentar entender que tipo de alimento cinematográfico eu havia acabado de ingerir, quais os riscos e propriedades tinha ao atravessar da minha garganta direto para todo o resto do meu corpo. – Terminei o filme e fiquei paralisado, perplexo, e ainda preciso seriamente de alguém para conversar sobre ele.
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