
Eu ainda encontro-me com dor de cabeça. Duas noites se passaram desde o fim do filme e minha mente ainda sente o peso dele. Sua complexidade não foi alcançada por minha imaturidade fílmica e da vida, no entanto, minha jovem curiosidade me fez aguentar tranquilamente sua duração de quase três horas. 163 minutos de socos no estômago, 163 lembretes de "acorde e pense". - Tarkovski não apenas esculpiu o tempo, como modelou em mim um enorme carinho por sua obra.
Stalker (“Сталкер”, 1979, União Soviética) é uma película inicialmente
em preto e branco e conta a história de um atravessador, um homem com a
capacidade “sobrehumana” de levar pessoas até a militarmente protegida Zona.
Uma área misteriosa cujo objeto de maior curiosidade de todos que se aventuram
por lá é uma sala conhecida por conceber desejos.
Iniciei minha
jornada para assisti-lo acompanhado, por sua temática pesada e construção
temporal particular, terminar de vê-lo sozinho. O que de certa forma foi bom e
ruim ao mesmo tempo. Fiquei com uma vontade incontrolável de falar sobre ele,
tentar entender que tipo de alimento cinematográfico eu havia acabado de
ingerir, quais os riscos e propriedades tinha ao atravessar da minha garganta
direto para todo o resto do meu corpo. – Terminei o filme e fiquei paralisado,
perplexo, e ainda preciso seriamente de alguém para conversar sobre ele.