quarta-feira, 10 de abril de 2013

Revolução na Terceira Idade

REEDIÇÃO DO TEXTO PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 20/10/2011, DURANTE O FESTIVAL DO RIO.
O que levaria os velhinhos de um asilo a se rebelarem contra a tirania de um enfermeiro substituto? No caso do filme Juan e A Bailarina (Argentina/Brasil, 2011), o furor é causado por uma notícia um tanto quanto surreal: a descoberta de um clone adulto de Jesus Cristo. Mas vamos ao princípio da trama: a amável enfermeira Rosa está prestes a tirar férias e, como faz todos os anos nesse período, sai escondida deixando seu filho em seu lugar. Apelidado de "A Bruxa" pelos internos, o rapaz logo prova ser merecedor do apelido, e inferniza a vida dos aposentados, os deixando até mesmo sem sua maior distração: a televisão.


O "castigo", no entanto, não os impede de continuar acompanhando as notícias sobre a clonagem do Salvador e, quando descobrem que ele contraiu AIDS para ajudar a namorada, que também havia sido infectada, se unem em um levante para ajudar ao cientista do grupo a fugir do asilo na surdina. Juntos, partem em destino à Antártida, onde os maiores cientistas do mundo haviam se reunido para buscar a cura da doença.


Agora, mais de um ano depois de ter assistido o filme pela primeira vez, ao rever minhas anotações da época vejo o quanto a história esteve à frente do cinema da época. Não cheguei a essa conclusão por conta da premissa um tanto quanto inusitada (e que continua sendo bem maluca), mas sim por perceber o quanto sua estrutura se aproxima de tantos filmes que foram produzidos depois deste, em particular as aventuras malucas do recém-lançado "Colegas", de Marcelo Galvão.


Além da trama inusitada, que se desenvolve por uma estrutura narrativa muito bem trabalhada, o filme tem diversos outros méritos. A direção de atores, a maioria deles octogenários, é excelente e os aspectos técnicos, como fotografia e edição, também não deixam a desejar. Os poucos defeitos da produção se tornam insignificantes diante da capacidade de produção de uma história que, por parecer tão estranha, poderia ter diversas pontas soltas, mas arrancou aplausos de pé da plateia no Festival do Rio de 2011, quando teve suas primeiras exibições no Brasil, ainda com intitulado "O Levante" (título que, diga-se de passagem, considero muito melhor do que o substituto). Ainda assim, mantenho meus aplausos de pé para o diretor e roteirista Raphael Aguinaga, apesar de lamentar que tenha demorado tanto para entrar em cartaz.

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