
Uma coisa que não podemos
contestar é a incrível capacidade que Juan José Campanella tem de nos
emocionar. Seus filmes são o retrato de uma sociedade cada vez mais frenética
e, quem sabe, cruel. A vida moderna das cidades, o grande fluxo de informações,
o excesso de responsabilidades que nos impedem de conhecermos a nós mesmos e
aos que nos circundam. É uma espécie de viseira, limitando a nossa visão
periférica. Apenas vemos aquilo que está à nossa frente. Assim é a obra de
grande cineasta argentino.
Em O
Filho da Noiva (“El Hijo De La Novia”, 2001, Argentina), Campanella retrata
sua experiência pessoal com a doença de Alzeheimer. A personagem de Norma
Aleandro (Norma) sofre com a perda da memória, assim como a mãe do diretor. O
filme fala sobre a difícil relação entre as famílias e a doença. No entanto, é
feita de modo delicado, sutil, mas com grande emoção.
Temos Ricardo Darín como Rafael Belvedere, um homem de meia idade, que sofre com o
estresse das novas responsabilidades vindas da herança de um restaurante por
parte de seu pai, Nino Belvedere (Héctor Alterio). Rafael perde a capacidade de
sorrir e de sentir prazer nas coisas mais simples da vida, o que interferem na
sua vida emocional. Mas, num dado momento, tudo muda e ele passa a entender o
que é o amor, o carinho, a cumplicidade...
Campanella resgata os
grandes valores familiares. É uma linda homenagem a sua mãe. A tentativa de
oficializar o casamento entre Nino e Norma, seu grande sonho, é um recado
dizendo: “sempre estarei contigo”. É uma declaração de amor.
O Filho da Noiva é um daqueles filmes que mudam o nosso pensamento, uma epifania de
pouco mais de duas horas. Ele é sincero e doce, como devem ser as declarações
de amor.