terça-feira, 9 de abril de 2013

Uma Declaração de Amor




Uma coisa que não podemos contestar é a incrível capacidade que Juan José Campanella tem de nos emocionar. Seus filmes são o retrato de uma sociedade cada vez mais frenética e, quem sabe, cruel. A vida moderna das cidades, o grande fluxo de informações, o excesso de responsabilidades que nos impedem de conhecermos a nós mesmos e aos que nos circundam. É uma espécie de viseira, limitando a nossa visão periférica. Apenas vemos aquilo que está à nossa frente. Assim é a obra de grande cineasta argentino.


Em O Filho da Noiva (“El Hijo De La Novia”, 2001, Argentina), Campanella retrata sua experiência pessoal com a doença de Alzeheimer. A personagem de Norma Aleandro (Norma) sofre com a perda da memória, assim como a mãe do diretor. O filme fala sobre a difícil relação entre as famílias e a doença. No entanto, é feita de modo delicado, sutil, mas com grande emoção.


Temos Ricardo Darín como Rafael Belvedere, um homem de meia idade, que sofre com o estresse das novas responsabilidades vindas da herança de um restaurante por parte de seu pai, Nino Belvedere (Héctor Alterio). Rafael perde a capacidade de sorrir e de sentir prazer nas coisas mais simples da vida, o que interferem na sua vida emocional. Mas, num dado momento, tudo muda e ele passa a entender o que é o amor, o carinho, a cumplicidade...


Campanella resgata os grandes valores familiares. É uma linda homenagem a sua mãe. A tentativa de oficializar o casamento entre Nino e Norma, seu grande sonho, é um recado dizendo: “sempre estarei contigo”. É uma declaração de amor.


O Filho da Noiva é um daqueles filmes que mudam o nosso pensamento, uma epifania de pouco mais de duas horas. Ele é sincero e doce, como devem ser as declarações de amor. 
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