
Alguns filmes nos arrebatam de primeira. Cenas iniciais ou primeiras sequências fortíssimas nos levam a uma imersão profunda e imediata. Já outros demoram, vagarosamente se desdobram, sem afobação e não é por indolência.
Fome de Viver (“The Hunger”, Reino Unido, 1983) não começa lento
nem veloz. Como o universo do qual trata, somos seduzidos pelos vampiros por
trás das lentes em uma velocidade psicológica da qual é impossível medir nos parâmetros
reais. Deixamos nossos pescoços nus e expostos para a mordida visceral a
ocorrer a qualquer momento.
A belíssima e atraente película
conta a história da milenar vampira Miriam Blaylock (Catherine Deneuve) e sua
relação com seu amante John (David Bowie). Tudo parece ir bem para o belo casal
de vampiros até ele apresentar sinais rápidos de velhice e logo sua vida
imortal parece ameaçada.
O filme além de uma direção de
atores e de fotografia que transcende a época em que foi feito, tem um roteiro
brilhante, eu arriscaria. Fome de Viver acerta do primeiro plano ao último, em
um delicado e cuidadoso retrato sobre vaidade, amor e humanidade.