sábado, 18 de agosto de 2012

Ящик Пандоры - A Caixa de Pandora



De um filme quente no início para um segundo texto no frio do maior país do mundo. Arca Russa (Русский ковчег”, 2002) é um drama histórico dirigido por Alexander Sokurov. Selecionado para o Festival de Cannes de 2002 e para entrar na história do cinema. E você que já achava os planos sequência de Irreversível incríveis, espere até ver esta película. Pronto para se surpreender?


Inteiramente filmado no Palácio de Inverno em São Petersburgo, residência oficial dos monarcas russos, o design de produção esbanja luxo e refinamento. Essa gigantesca e belíssima locação, feita originalmente para mostrar o poder do Império Russo, dá lugar 10 anos atrás para as filmagens do filme feito em um único plano de 96 minutos com steadicam – usando a SONY HDW-F900, nas mãos no Diretor de Fotografia Tilman Büttner. – Inacreditável, não é mesmo?! E a melhor parte, o resultado final foi alcançado na terceira tentativa.


Um narrador desconhecido nos leva por dentro do Palácio de Inverno. Ele implica que morreu em algum terrível acidente e seu fantasma ainda vaga pelo lugar. Tudo ainda é nebuloso, é como se nós, espectadores, também estivéssemos acordando do sono da morte. Nada faz completo sentido e até o que seria simples é dúbio. Nessa caminhada sobrenatural, em cada cômodo, vamos encontrando pessoais reais e ficcionais de diferentes períodos dentro dos 300 anos da história da cidade.


O fantasma – nossos olhos – tem como parceiro “O Europeu”, a figura do flâneur, o francês errante do século XIX, vestido de preto e misterioso. Ele é o Marques de Custine (Sergei Dontsov.) E juntos eles passam pela “quarta porta”, quebrada e reerguida tantas vezes, onde narrador-guia e seu acompanhante interagem livremente com o que veem, ou simplesmente passam sem ser percebidos.


Um filme para terminar e você perceber o quanto de ar lhe falta. Uma proeza técnica e estética em perfeita harmonia. Mais uma filme para mostrar que na Rússia não se tem só vodka (O que também não é ruim, vamos lá?!). E assim nós continuamos desmistificando o imaginário popular sobre o cinema russo.
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