
Há alguma maneira melhor de começar a falar
sobre um país do que quebrando estereótipos? Quem imaginaria um filme musical
russo pronto para ser copiado (ok, os ianques chamam de remake – e sim, eles
realmente vão fazer um) pelos norte-americanos? Por isso mesmo vamos começar
com esse colorido e divertindo exemplar. Bem vindo ao Ciclo Rússia, daragoi druk.
Esqueçam a vodka (por enquanto) e vamos falar
sobre arte na terra dos Montes Urais. Hipsters
(“Stilyagi”, 2008) é dirigido por Valeriv Todorovskiy e com roteiro de Yuriy
Korotkov (baseado em seu próprio livro Boogie
Bones).
Comédia musical é realmente difícil de associar
ao cinema moderno da Rússia. Tradicionalmente os diretores pós-união soviética
focam em experiências negativas. Tudo começa a mudar na virada dos anos 2000
quando uma onda de dinheiro vindo do óleo e combustível acelerou a economia de
tal forma que até o cinema foi favorecido. Abrindo assim portas para o cinema
comercial da antiga URSS.
No caminho dessas novas pontes, portas e
janelas abertas, o filme de Todorovskiy apresenta um elenco de estrelas russas,
um roteiro dinâmico e uma fotografia caprichada. Além do figurino digno de fazer qualquer hipster de hoje morrer de inveja.
Hipsters nos leva para Moscou, 1955, dois
anos após a morte de Stalin. No fervor da Guerra Fria, os chamados hipsters –
de então – são um grupo de jovens com mentalidade ocidental, amantes de jazz, com
moral questionável e notável senso de moda e estilos apurados. - E qual a melhor
forma de chocar o conservadorismo e esse mundo tão diferente? Uma história de
amor (sim, nem os russos fogem de clichés tão básicos e até necessários). Ela, uma hipster, ele, um tradicional russo membro da Komsomol. Cheira a
Romeu e Julieta? Talvez. A questão é: a Rússia sabe fazer
filmes tão diferentes da imagem que o mundo faz do maior país da Terra. E esse é delicioso, druks.