terça-feira, 14 de agosto de 2012

Dez É Demais


Cumprindo a "cota indígena" que não poderia faltar, o Festival de Gramado exibiu, em sua mostra competitiva de filmes estrangeiros, o longa documental Dez Vezes Venceremos ("Diez Veces Venceremos", Argentina, 2011). Com uma origem um pouco diferente da maioria dos documentários, este foi proposto pelo próprio personagem do filme ao diretor, que talvez devesse ter pensado umas dez vezes antes de aceitar.


Não é que o filme chegue a ser um desperdício cinematográfico, mas o conteúdo abordado não é suficientemente abundante para um longa-metragem. A história abordada é a da luta do povo indígena Mapuche, natural do sul do Chile, para recuperar suas terras que haviam sido ocupadas por empresas florestais sob a vista-grossa do governo chileno, sempre sob o ponto de vista de um dos líderes do embate e filho do chefe da aldeia, Pichún. O jovem havia se refugiado na Argentina, onde cursava jornalismo, após uma condenação supostamente injusta por práticas incendiárias terroristas contra as empresas. Foi no último semestre de seu curso que ele decidiu que sua história deveria ser contada e procurou o diretor Cristian Jure para fazê-lo.


O problema do filme não é a temática ou a forma como foi concebido (eu realmente acredito que não há problema nenhum em querer ser protagonista de um filme, afinal, quem nunca pensou nisso?). O incômodo se dá em duas etapas: a enorme repetição nas informações dadas e o excesso de imagens abstratas (como close-ups de couves e alfaces com narração em off) e cenas não-narrativas fazem o filme parecer durar uma eternidade em seus enormes 75 minutos, mas peca mesmo é na parcialidade, já que ao contar a história apenas pelo ponto de vista dos nativos, inevitavelmente nos faz questionar sobre o que de fato ocorreu.

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