É engraçado como tendemos a transferir nossos problemas para outras pessoas. Creio que isso é uma espécie de “defesa psíquica” mesmo sendo apenas um curioso da psicanálise (algum estudo de Freud talvez tenha a resposta). Como se não bastasse esse desvio de condutanatural, sentimos medo de tomar escolhas que mexam na estrutura de nossas relações. Temos medo da mudança e do incomodo que ela possa gerar. Caramba! Mais que papo caído, não é verdade? Passemos para o filme, antes que você pare de ler.
A comédia romântica Um Namorado Para Minha Mulher ("Un Novio Para Mi Mujer", Argentina, 2008), de Juan Taratuto, retrata uma crise no relacionamento de um casal vivido pelos atores Adrián Suar e Valeria Bertuccelli. Tenso (Suar) está cansado de seu casamento e decide se separar da mulher, Tana (Bertuccelli). No entanto, devido ao temperamento explosivo dela, sente-se amedrontado para fazer tal pedido. Aí está o “barato” da história: como enfrentar a esposa e propor o divórcio? A saída encontrada por ele foi contratar um ator para seduzi-la, assim ela sairia por livre e espontânea vontade. Mas, como se trata de uma comédia romântica, sabemos como essa história termina, porém não conseguimos parar de assistir.
Uma característica interessante do cinema argentino é a proximidade dos personagens com o espectador, ou seja, vemo-nos dentro dos filmes. Em Um Namorado Para Minha Mulher não é diferente. As cenas em que Tenso está jogando futebol com os amigos, quando tenta conversar com sua esposa, ou ainda nos momentos desconfortantes em que Tana envergonha-o, são hilárias e possíveis de acontecer.
Para quem quer dar gargalhadas, é uma ótima pedida. O filme faz lembrar produções americanas de sucesso como "Quero ficar com Polly", de John Hamburg – ao menos pelas características físicas dos atores. Porém, o longa tem uma “pegada” mais madura, como nas produções que contaram com Steve Martin ("O Pai da Noiva"). É uma boa pedida para um domingo à tarde.
