Sem um roteiro avassalador nem efeitos chocantes, Fernando Meirelles ("Cidade de Deus" e "Ensaio Sobre a Cegueira") explora uma trama fluente para arrancar o que podemos definir como um tipo de "complexidade do simples" em seu novo projeto: 360 (Reino Unido/Áustria/ Brasil/ França, 2011).
A adaptação da peça “La Ronde” (Arthur Schnitzler) contou com um elenco extenso que engloba nomes como Anthony Hopkins , Jude Law, Ben Foster e a brasileira Maria Flor, todos muito seguros. O longa perpassa diversos conflitos ligando personagens de vários lugares do planeta e carrega temáticas de sexo, amor, escolhas e ideais em um vitral de cores frias. Pequenas atitudes em cada um dos núcleos acabam sendo a força motora do que surge em sequencia. Uma mistura bem feita de Freud com a Teoria do Caos.
Esse não é o primeiro filme a propor um grupo de tramas interligadas em um formato nada tradicional. Mesmo assim, a narrativa fragmentada vale a pena. O diretor soube conduzir de forma branda um texto que também carrega grande mérito. Nos envolvemos com histórias originais, impactos culturais e muita verdade. Sem protagonistas ou antagonistas, penetramos cada história por mais picotada e curta que seja. A trilha sonora, muito bem escolhida, consegue complementar e guiar o ritmo da obra. Já os diálogos, simples e explicativos, desapontaram um pouco.
As câmeras se submetem a um jogo de rotações, tanto envolta de si como sobre os personagens a partir de cortes que contemplam todos os seus ângulos, causando maior impacto à metáfora proposta pelo 360. O filme é cuidadoso com algumas trocas no padrão fotográfico e aposta em formas diferentes de transição das imagens, sendo algumas delas muito suaves e fluidas, o que traz alguma agilidade serena e cativante. O uso contínuo de espelhos e reflexos cria um estilo próprio para o longa, ainda que, por vezes, pareça fora de propósito.
Fernando Meirelles acertou ao apostar em 360. O filme não vai ser lembrado como uma das grandes obras do diretor, mas certamente servirá de complemento para uma carreira firme e segura.
As câmeras se submetem a um jogo de rotações, tanto envolta de si como sobre os personagens a partir de cortes que contemplam todos os seus ângulos, causando maior impacto à metáfora proposta pelo 360. O filme é cuidadoso com algumas trocas no padrão fotográfico e aposta em formas diferentes de transição das imagens, sendo algumas delas muito suaves e fluidas, o que traz alguma agilidade serena e cativante. O uso contínuo de espelhos e reflexos cria um estilo próprio para o longa, ainda que, por vezes, pareça fora de propósito.
Fernando Meirelles acertou ao apostar em 360. O filme não vai ser lembrado como uma das grandes obras do diretor, mas certamente servirá de complemento para uma carreira firme e segura.
