
De segunda a sexta, das sete as oito horas da noite, começa em praticamente todas as frequências radio transmissoras um programa criado durante a Ditadura Militar. Denominado Voz do Brasil, ele possui uma música de abertura que gruda em nossas cabeças que nem carrapato. E foi somente assistindo ao documentário Espia Só que eu descobri um músico que fez uma adaptação desta linda melodia, utilizada como fundo desta canção infernal. Seu nome é Octávio Dutra, músico considerado um dos precursores do chorinho.
O longa conta a história desse agitador cultural, compositor, músico e teatrólogo que, no início do século XX, viveu em Porta Alegre. Responsável por compor perto de 500 músicas, ele também criou um dos conjuntos musicais mais conhecidos do século passado: “O Terror dos Facões”. E é através de depoimentos de músicos, pesquisadores e familiares que sua história é a passada para as gerações atuais. Além do mais, os fatos contados também são embasados em partituras antigas encontradas. Verdadeiras múmias da música brasileira.
Porém, a vida de Octávio Dutra é mostrada de maneira arrastada, lenta e repetitiva. Até mesmo quando, com a entrada de bandas tocando seus antigos sucesso e havendo uma interrupção nas entrevistas, não há uma melhora significante na animação do filme (só me fazendo dar uma nota mais baixa). Sua fotografia também chega a incomodar um pouco, já que a maioria das imagens são feitas em ambientes escuros e com muitas sobras. Mas, ao mesmo tempo, esse efeito da uma estética muito interessante ao documentário. E apesar de tudo, encorajo a quem seja um amante do chorinho a assistí-lo. Já que provavelmente o verá com olhos diferentes aos meus.
