
Mais um filme exibido na mostra competitiva nacional do Festival de Gramado na condição de favorito a vários Kikitos, mas desta vez as expectativas foam alcançadas e talvez até mesmo superadas. O Som Ao Redor (2011), de Kleber Mendonça Filho teve sua primeira exibição numa tela brasileira cercado por problemas técnicos na projeção que não estragaram o resultado da obra ou impediram os aplausos empolgados.
Concebido originalmente com o título "Histórico da Violência" (posteriormente alterado para este atual, bem melhor), o projeto narra com maestria os vários tipos de violência que atingem a classe média de Recife. Passando por brigas com vizinhos, vinganças pessoais, especulação imobiliária, excesso de barulho, entre outros, o filme mostra como cada elemento do mundo à nossa volta pode interferir na nossa vida e, principalmente, como um incômodo que começa pequeno pode crescer e nos ocupar completamente ao longo do tempo.
Apesar de se localizar em um ponto muito específico do País, O Som Ao Redor dialoga com qualquer morador de áreas urbanas, onde os problemas coincidem e se acumulam. O filme traz uma narrativa extremamente envolvente, repleta de boas supresas e conduzida por um belíssimo trabalho de direção. A banda sonora, composta principalmente a partir de ruídos urbanos, causa o incômodo necessário para que nós possamos fazer um pouco parte da vida daquelas pessoas. E, quando o filme acaba, depois de mais de duas horas, fica a vontade de querer saber um pouco mais sobre aqueles personagens.
